Um misto de tradição e contemporaneidade passa amanhã por Macedo de Cavaleiros, 15 de fevereiro, no Centro Cultural, às 21h 30. O Lago dos Caretos que estreou em Vila Real no ano passado passará por Bragança, Chaves e Póvoa do Varzim.O Lago dos Caretos – A sagração da prima Vera, tem palco na etnografia transmontana e usa o careto como ponto de partida. Ideia vencedora do prémio Douro Criativo, na categoria música e artes performativas.
A composição é original – encomendada ao compositor Fábio Videira – e assume-se como contemporânea mas com pontos de referencia que nos levam a reconhecer auditivamente alguns dos momentos chave das composições de Tchaikovsky e Stravinsky. Há uma alusão também à música que tradicionalmente acompanha as festividades dos caretos, no nordeste transmontano, como o som das gaitas de foles, bombos e caixas.
Partindo da sonoridade e das histórias de dois dos bailados mais conhecidos e prestigiados de sempre – o Lago dos Cisnes e a Sagração da Primavera – avançamos para uma nova história num novo contexto.
Os caretos são máscaras do Carnaval de Trás-os-Montes e Alto Douro.
Por norma, os caretos só podem ser usados por rapazes solteiros. As máscaras são feitas de latão, madeira ou couro e têm narizes proeminentes. São pintadas de cores garridas, como o vermelho e o amarelo. Os caretos são essencialmente característicos do nordeste transmontano, mas na região do Douro, em Lazarim, também os há, só que feitos de madeira de amieiro e têm chifres, ao contrários dos do Nordeste. As roupas dos caretos são também coloridas, com capuz e feitas de colchas com franjas compridas de lã vermelha, verde e amarela. O careto usa sempre uma bandoleira com campainhas e chocalhos à cintura. Acompanha-o um pau de madeira que é usado para ajudar nas correrias e nos saltos que dá.
O ambiente do careto é rústico
Os caretos saem à rua dias após o Natal e no Entrudo. Estão associados ao solstício de Inverno, visto como o renascimento do Sol, carregando forte representatividade. A origem dos caretos é céltica, pré-romana.
O careto é um personagem que dá saltos, grita, dá grandes gargalhadas, atira feno a quem o vê, e “achocalha” as raparigas solteiras, ou seja, bate com os chocalhos nas raparigas, parecendo uma estranha e enigmática dança. O careto também invade as casas. Procura fumeiro e quase sempre consegue algum, já que sendo figuras populares, ninguém lhes leva a mal.
Não se sabe ao certo como surgiram os caretos, é um enigma, mas a tradição é milenar e acredita-se que possa estar ligada a antigos rituais pagãos associados às raízes celtas do território que remontam ao período pré-romano, derivada da existência na região de tribos célticas ou celticizadas como os Gallaeci, Bracari e Vaccaei.
Segundo a visão dos antropólogos, os caretos são umas espécie de rito de iniciação dos jovens, que passam do estado de consciência do adolescente ao adulto, e – simbolicamente – para o lado sombra do ser humano, do sobrenatural e do louvor aos mortos. É uma forma de levar à libertação do lado mais diabólico da alma humana que fazendo-lhe frente, expurga-o e purifica-se para o resto do ano.
Informação retirada da página Lago dos Caretos
(Escrito por MM)