Em maio, o Núcleo Douro-Sul do Bloco de Esquerda questionou a Câmara Municipal de Lamego sobre este gabinete e sobre a linha de apoio à vítima que entrou em funcionamento no início da pandemia. Até agora, não obteve nenhuma resposta.
Em comunicado, o Núcleo Douro-Sul do Bloco de Esquerda lembra que “em Portugal, entre 1 de janeiro e 15 de novembro deste ano foram assassinadas 30 mulheres” e acrescenta que “assinala o Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra a Mulher com dor e pesar por estas trinta mulheres e por tantas outras que sofrem em silêncio”.
“Para nós, este ano é ainda mais duro. Uma destas trinta mulheres foi assassinada (e outra ficou ferida) bem perto de nós, aqui em Lamego. Na nossa comunidade, diante dos nossos olhos. Recordamos também que, há menos de um ano, outra mulher felizmente escapou ao mesmo destino. Não, não é só conservadorismo: é violência machista. Não, não é só algo que vemos na televisão: é algo que está a acontecer entre nós. Assobiamos para o lado?”, referem os bloquistas.
O Bloco sublinha que “em 2014 foi criado em Lamego um Centro de Apoio às Vítimas de Violência Doméstica e ministrado um Curso de Técnico de Apoio à Vítima a vários psicólogos e assistentes sociais. Segundo dados do município, nesse mesmo ano foram atendidas 70 vítimas. Seis anos passaram e hoje em dia não sabemos se esse centro de apoio ainda existe. Uma coisa é certa: não existe qualquer divulgação junto da comunidade, não voltaram a formar técnicos e profissionais de saúde e não existe trabalho visível na comunidade”. A única iniciativa conhecida deste executivo municipal é a abertura de uma linha especializada de apoio à violência doméstica através da medida “Lamego Ajuda”, no âmbito da pandemia da Covid-19.
O Núcleo questionou o Município de Lamego em maio passado “sobre este gabinete e sobre o funcionamento da linha de apoio (e até a possibilidade de continuar a funcionar, ultrapassada a pandemia). Não tendo havido qualquer resposta, não foi possível até ao dia de hoje obter qualquer esclarecimento sobre a matéria”.
Assim sendo, o Bloco vem a lamentar “esta opacidade do município em relação a este gabinete de apoio. Entendemos que a ampla divulgação à comunidade e o inerente escrutínio público em torno do seu funcionamento é fundamental”.
O partido levanta dúvidas se este “gabinete ainda existe ou sequer alguma vez tenha saído do papel”.