Mariana Mortágua, numa sessão pública em Vila Real, afirmou que é necessário reverter as medidas impostas pela troika e investir no Serviço Nacional de Saúde.
No dia 15 de janeiro realizou-se, em Vila Real, uma sessão pública com a participação da economista e deputada Mariana Mortágua, a cabeça de lista do Bloco pelo distrito, Enara Teixeira e o mandatário da candidatura, o professor catedrático Rui Manuel Vitor Cortes. A moderação ficou a cargo de Vasco Valente Lopes.
Na iniciativa, que tinha mote do “que quer o Bloco” e foi realizada no Teatro de Vila Real, houve a oportunidade de falar de desertificação, precariedade, serviços públicos, habitação, entre outros.
Vasco Valente Lopes começou por dar as boas-vindas aos presentes e afirmar que “estamos aqui para encontrar soluções, soluções que o Governo não quis encontrar porque o Orçamento foi chumbado e o excelentíssimo Presidente da República marcou eleições antecipadas”.
Mariana Mortágua: “O Bloco tem muito orgulho” na Geringonça
De seguida, foi Mariana Mortágua que explicou o cenário político atual, salientando que “o Bloco tem muito orgulho sobre aquilo que se chamou a Geringonça, sobre a possibilidade de fazer acordos com metas bem definidas para recuperar o país da austeridade”.
A deputada acrescentou que “apesar de ter feito um balanço positivo dessa legislatura, António Costa não quis repeti-la em 2019, rejeitou um acordo escrito e quis negociá-la à peça”. Por isso, para o Bloco a legislatura que findou “já não era o momento de parar o empobrecimento, de olhar para a emergência, era o momento de construir e de olhar para o futuro”.
“Em 2021, levamos um conjunto de medidas para aprovar o Orçamento e nessas medidas havia duas essenciais. Primeiro, reverter as medidas laborais da troika, a segunda foram medidas para o SNS”, disse Mariana Mortágua. Mas, o PS não quis aceitar nenhuma das propostas do Bloco e “é esta intransigência de António Costa que nos trouxe a esta situação”, apontou.
Enara Teixeira: Precisamos de habitação que “dê abrigo a todas as pessoas”
Enara Teixeira começou a sua intervenção afirmando que “é muito simples para nós que vivemos aqui, para nós que vivemos no Interior, no norte do país, que vivemos no distrito de Vila Real, que tem tantas carências e algumas são as mesmas de alguns anos”.
A candidata deu o exemplo da saúde mental, cuja carência aumentou durante a pandemia, e da educação pública, denunciado o clientelismo que se vive nos municípios onde as câmaras municipais usam os empregos nas escolas para ter influência.
“A questão da habitação social e pública, existe uma carência gigantesca neste tema e nós estamos a ver edifícios de décadas atrás que não servem a necessidade das pessoas que precisam urgentemente de habitação. Não só a habitação como quatro paredes e um teto, estamos a falar de uma habitação que seja energeticamente eficiente, que dê capacidade de abrigo a todas as pessoas”, disse a Enara Teixeira.
Rui Cortes: Somos contra “a exploração desenfreada dos recursos”
Por sua vez, Rui Cortes começou por lembrar António Mexia, antigo CEO da EDP, “quando foi à UTAD defender a barragem de Foz Côa e dizia ele que ia dar quatro mil postos de trabalho e de facto eu acredito que na altura da construção tenha lá estado esse número de trabalhadores. Mas o que eu pergunto é quantas pessoas estão neste momento a trabalhar na barragem de Foz Côa?”.
Para o mandatário da candidatura, “a política extrativista tem acontecido no interior e é exatamente isto que o Bloco de Esquerda não pode aceitar”.
Rui Cortes falou ainda sobre a floresta e deixou o alerta que “têm saído portarias recentes em que as áreas de eucalipto são aumentadas. Portanto há uma ideia global, mas depois por pressão dos municípios, entre outros, continuamos a ver as áreas de eucalipto aumentarem”.
“É contra estas situações de exploração desenfreada dos recursos, a delapidação do nosso património, sem que qualquer benefício para as populações com que nós nos revoltamos”, disse Rui Cortes.