2020 foi um ano em tudo diferente, mas que acabou por demonstrar o quanto tudo não pode ficar igual.
Uma pandemia com o desarmante poder de quebrar o contacto físico e as mais básicas interações humanas, nos moldes a que nos havíamos acostumado, tornou este o ano da fragilidade. Podemos falar dessa fragilidade a dois níveis.
Por um lado, a pandemia desnudou as fragilidades estruturais de setores tão basilares a uma sociedade justa e democrática como os cuidados ou a saúde. Por outro lado, a crise pandémica, de perto acompanhada pelas crises social e económica, colocou em situação de maior fragilidade, quem já o era. Assim, foi quem estava em precariedade que primeiramente foi vítima de abusos laborais; foi a população idosa institucionalizada que mais de perto sentiu a vida em perigo; foi o Interior do país que mais sentiu as faltas resultantes do abandono reiterado de que tem sido alvo.
Porque no Interior já há muito que vem faltando demasiado: serviços públicos de proximidade, transportes que unam terras e gentes, oportunidades dignas de trabalho, recursos humanos especializados. O Interior em 2020, talvez mais do que nunca, precisou de se armar de resiliência e de ir à luta, exigindo ser olhado como mais do que um depósito de recursos, exigindo respeito para as suas gentes, que não podem ser tratadas como de segunda, ou inferior, categoria.
Este portal de informação, do Interior para o Mundo, cresceu e esteve no terreno, ao lado das populações nas suas lutas. Deu voz a denúncias de atentados ambientais, de maus tratos animais, de abusos laborais, de insegurança sanitária, de precariedade. Deu espaço a manifestações pelo SNS, pela reposição de transportes e pela abolição de portagens nas Ex-SCUT. Mas também a manifestações de defesa de Direitos Humanos, antirracistas, pela igualdade de género e pelos Direitos LGBTI+. Acompanhou as lutas de quem exige ser tratado de igual, como pessoa que é.
Tal não seria possível sem todas as pessoas que colaboraram, de forma mais ou menos regular, com o Interior do Avesso: associações e movimentos locais, cronistas, poetas, filósofos e também as fontes de denúncias, algumas delas anónimas. Mais do que um projeto editorial, somos uma rede de gente inquieta, que quer virar o Interior do Avesso!
A Equipa Editorial agradece-vos, como também agradece a todas as pessoas que nos acompanham, através do site ou das redes sociais. Em 2021 continuaremos a promover os direitos humanos e o direito à informação e qualificação do debate democrático. A promover a igualdade de género. A combater todas as formas de exclusão baseadas em discriminações de carácter étnico-racial, de orientação sexual, idade, religião, opinião, classe social ou baseadas na existência de diversidade funcional. A contribuir para a construção de um mundo ecologicamente sustentável e mais respeitador de todos os seres vivos.
Em 2021 continuaremos a dar voz às lutas das pessoas do Interior.
Encontramo-nos em 2021?