No penúltimo dia de greve nas fábricas do grupo Navigator, os trabalhadores denunciam violações ao direito à greve. Do seu caderno reivindicativo fazem parte a atualização de salários e um plano de carreiras uniformizado. Dos quatro pólos de produção do grupo Navigator, as unidades de Vila Velha de Rodão e Figueira da Foz foram aquelas em que a adesão foi mais forte, levando praticamente à paralisação total das unidades industriais de produção de papel.
Depois de mais de seis meses de negociação em que se depararam com “intransigência por parte da administração”, os trabalhadores das fábricas da Navigator partiram para uma greve de quatro dias que chega ao final no próximo sábado. Esta é a primeira greve conjunta dos trabalhadores das várias fábricas do grupo produtor de papel, que está presente nos concelhos de Aveiro, Castelo Branco, Coimbra e Setúbal.
No primeiro dia de greve a adesão mais forte assinalou-se nas unidades de Vila Velha de Rodão e Figueira da Foz. A paralisação na fábrica de Vila Velha de Rodão motivou um comunicado da União dos Sindicatos de Castelo Branco em que é assinalado o facto de se tratar “da primeira greve nesta empresa e muitos dos seus trabalhadores estão, também eles, fazer a sua primeira greve”.
Segundo comunicado da Fiequimetal, nas unidades de Aveiro, Vila Velha de Ródão, Figueira da Foz e Setúbal vai haver também recusa do trabalho extraordinário “em qualquer momento, seja antes, durante ou depois daqueles quatro dias de paralisação”.
Entre as exigências apresentadas pelo sindicato estão a “atribuição imediata, a todos os trabalhadores, das categorias profissionais e dos salários correspondentes às funções desempenhadas” e a “compensação monetária aos trabalhadores que durante largos anos estiveram desenquadrados”, a “valorização dos trabalhadores e das suas carreiras profissionais, com um Plano de Carreiras aplicável a todas as empresas do Grupo” e a criação de “um mecanismo anti-estagnação” salarial.
Ilegalidades contra a greve
A Fiequimetal denunciou também em comunicado que “a administração do grupo está a recorrer à ilegalidade para tentar minorar os efeitos da greve”. De acordo com a estrutura sindical, registaram-se casos de substituição ilegal de grevistas, de “tentativa de inviabilizar a acção dos piquetes de greve” e de “desrespeito de acordos estabelecidos para a segurança de equipamentos e instalações”.
Segundo os sindicalistas, a administração está “de cabeça perdida, face ao impacto da luta”, tendo anunciando que já acionaram os mecanismos, junto das entidades competentes, “para que a legalidade seja reposta”.
Bloco com os trabalhadores da Navigator
Na nova legislatura, o Bloco volta a questionar o governo, desta vez a Ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social sobre aspetos como a existência ou não de ações inspetivas às empresas do Grupo, “nomeadamente com fundamento em discriminação salarial ou com base em inadequado enquadramento de carreiras”, e sobre a disponibilidade ou não da tutela disponível para “promover a negociação entre as estruturas representativas dos trabalhadores e as empresas com vista a alcançar um acordo que permita ir ao encontro das reivindicações dos trabalhadores e ao cumprimento da lei”.
A deputada Sandra Cunha esteve presente no piquete de greve na fábrica da Mitrena em Setúbal. Em declarações ao Esquerda.net, sublinhou que “os trabalhadores do grupo Navigator têm toda a razão para estarem em greve face à falta de disponibilidade e à intransigência do grupo Navigator para se sentar à mesa e negociar a melhoria das condições de trabalho e o devido enquadramento salarial e de carreiras que ponha cobro à estagnação profissional e salarial em que a maioria destes trabalhadores se encontra”.
A deputada eleita pelo círculo de Setúbal denunciou que “há trabalhadores que estão há 15 e 20 anos sem qualquer atualização salarial” e realçou que o Bloco “tem acompanhado este processo já desde o início”.