Foram publicados em Diário da República, no dia 16 de Março, dois avisos através Direcção Geral de Energia e Geologia nomeadamente os avisos 6518/2019 e 6133/2019, onde a Fortescue Metals Group Exploration requereu a atribuição de direitos de prospecção e pesquisa de depósitos minerais como o lítio, tungsténio, entre outros.
Os anúncios são para as áreas denominadas “Cruto” (99,1 km2, localizados no concelhos de Braga, Barcelos e Vila Verde), “Fojo” (74,7 km2, nos concelhos de Melgaço, Monção e Arcos de Valdevez), “Viso” (133,3 km2, em Vieira do Minho, Montalegre, Cabeceiras de Bastos, Fafe); “Calvo” (375,2 km2, nos concelhos de Almeida, Pinhel e Figueira de Castelo Rodrigo), “Crespo” (189,6 km2, em Idanha-a-Nova) e “Nave” (308,5 km2, nos concelhos de Guarda, Almeida e Sabugal).
As duas áreas que irão abranger o concelho de Carregal do Sal são a “Boa Vista” num total de 260,331 km2 e as prospecções incidirão nas freguesias de Carregal do Sal e Oliveira do Conde. A outra é “Lobão” num total de 486,643 km2 que para além de outros concelhos, incidirá na Freguesia de Beijós. Sabe-se que, historicamente, estas áreas são ricas em vários minerais, inclusive o lítio.
Os pedidos de prospecção de minério têm-se registado um pouco por toda a região da Beira Alta e Beira Baixa. As emissões de partículas em suspensão constituem o poluente de maior relevo, a par do ruído e das escorrências que contaminarão os cursos de água. A escavação e a remoção de milhões de toneladas de minério por ano, apenas a centenas de metros de distância de várias localidades do concelho, terão como consequência inevitável a poluição do ar e dos recursos hídricos. As emissões de poeiras compostas, entre outros, por sílica, podem provocar doenças respiratórias.
A contestação da população tem-se sentido um pouco por todo o lado já que a vida destas populações tornar-se-á um inferno 24 horas por dia todo o ano, os sistemas ecológicos e os sistemas produtivos locais seriam gravemente afetados pela exploração mineira de grande dimensão. Esta realidade é escondida na sugestiva campanha publicitária para o lítio português que abasteceria um mercado europeu de baterias de Iões-LI para carros elétricos. De facto, os custos ambientais da extração do lítio não permitem dizer que se trata de uma tecnologia limpa. É altamente consumidora de água, energia, espaços naturais, e é altamente poluente. Os riscos ambientais e sociais são elevados.
Em comunicado, o Núcleo Concelhio de Carregal do Sal do Bloco de Esquerda já se posicionou contra, exigindo a realização de um rigoroso Estudo de Avaliação de Impacte Ambiental e chamando a atenção ao Governo e as autoridades competentes para a obrigação e o dever de defender um território que já sofreu tanto com o incêndio de Outubro de 2017.
(Escrito por DG)