Olivicultura em Trás-os-Montes enfrenta “campanha difícil”

O Bloco de Esquerda de Vila Flor está preocupado com a situação que os olivicultores estão a passar devido à redução do preço da azeitona e do azeite. O preço pago aos produtores de azeitona tem vindo a cair nos últimos anos, assim como o preço do azeite, a nível mundial, o que num ano de pouca produção, como este, irá afetar drasticamente a região.

Jóni Ledo, deputado municipal do Bloco de Esquerda, considera que o aumento do preço do transporte e tratamento do resíduo do bagaço da azeitona faz com que o custo com a indústria extratora seja maior, que por sua vez leva os lagares a cobrar maior percentagem na transformação da azeitona, a chamada “maquia”, que prejudica os olivicultores em larga escala.

“Uma das maiores, talvez a maior, fonte de subsistência dos vilaflorenses é a olivicultura. Num ano em que a produção é menor e o preço para transformar a azeitona se multiplica, o setor está em risco, principalmente os pequenos produtores.”

O aumento da produção intensiva no Alentejo, que tem inúmeros problemas ambientais associados, prejudica em larga escala a produção transmontana, que é bem mais sustentável. “Conheço produtores que este ano não irão apanhar a azeitona porque consideram que teriam prejuízo”. O deputado considera esta situação dramática para a região.

A cultura do olival em Trás-os-Montes, olivais tradicionais e de sequeiro, produz azeites de alta qualidade, reconhecidos mundialmente. No ano passado, no Concurso Nacional Azeite de Portugal, 80% dos premiados foram azeites de olivais tradicionais. Francisco Pavão, presidente da Associação dos Produtores em Protecção Integrada de Trás-os-Montes e Alto Douro, declarou ao Jornal Nordeste que “Numa região que não tem condições para produzir em quantidade, o caminho que temos é a qualidade e a aposta no mercado que valorize a diferenciação dos azeites”.

Porém, a imputação dos custos associados ao transporte e tratamento dos subprodutos resultantes do processo de extração de azeite, bagaço de azeitona, aos lagares e consequentemente aos produtores, terá um impacto que pode pôr em causa a viabilidade de algumas produções agrícolas. Os lagares da região produzem por ano 80 mil toneladas de bagaço de azeitona.

(Escrito por JL)

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