“PAC tem de deixar de entregar dinheiros públicos a quem promove trabalho forçado”

Ricardo Vicente, deputado do Bloco de Esquerda. Imagem AR TV.
Ricardo Vicente, deputado do Bloco de Esquerda. Imagem AR TV.
Ricardo Vicente, deputado do Bloco de Esquerda | Imagem AR TV.
Ricardo Vicente apresentou o projeto de resolução do Bloco para o combate à precariedade e promoção da formação e qualificação profissional do trabalho agrícola. O deputado defendeu que quem usufrui de apoios no âmbito da Política Agrícola Comum (PAC) deve cumprir regras claras. Por Esquerda.net

Durante a apresentação da proposta do Bloco de Esquerda, Ricardo Vicente defendeu que “o trabalho forçado e o abuso laboral que hoje discutimos aqui é também uma consequência do modelo agrícola que o país adotou e da política agrícola que se aplica a nível nacional”.

De acordo com o deputado bloquista, a agricultura intensiva que “percorre o país a passo acelerado, promovendo a uniformização da paisagem e a destruição da biodiversidade com base em monoculturas, que destrói recursos, que precariza os trabalhadores, é uma agricultura de lógica mineira que explora, que esgota os recursos e não deixa o trabalho de fora”.

A proposta do Bloco prevê a recolha de informação sobre as qualificações profissionais no setor agrícola, bem como sobre as necessidades de formação profissional, e o desenvolvimento de um plano nacional de formação profissional no setor agrícola, que contemple as boas práticas agrícolas e ambientais e promova a mitigação e adaptação às alterações climáticas.

No que respeita à Política Agrícola Comum (PAC), o Bloco quer ver assegurado que todos os beneficiários de apoios comunitários e nacionais garantem as suas necessidades em mão-de-obra através de contratos de trabalho e sem recurso à subcontratação. E que apresentem no âmbito das suas candidaturas planos de formação profissional. O projeto prevê ainda o envolvimento de Sindicatos e Comissões de Trabalhadores, a quem reconhece o direito a elaboração de parecer prévio.

Em causa está ainda assegurar que todos os projetos de investimento agrícola subsidiários do próximo quadro comunitário recebem aconselhamento técnico-científico e que se proceda à realização de ações inspetivas de âmbito nacional, com periodicidade anual.

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“Debate deve ser sobre as pessoas que estão a ser exploradas e sobre quem as explora”

Beatriz Gomes Dias lembrou que os imigrantes que trabalham nas estufas em Odemira vivem em condições indignas, sendo obrigados a pagar alojamento em casas sobrelotadas, e que, inclusive, muitos têm os salários retidos.

Reagindo à tentativa da direita de manipular o debate e tornar esta questão num problema da imigração, a deputada enfatizou que o que está em causa é o respeito pelos direitos humanos e a dignificação do trabalho no nosso país.

“O debate deve ser sobre as pessoas que estão a ser exploradas e sobre quem as explora”, frisou.

Beatriz Gomes Dias relembrou ainda dados que “quem procura criminalizar a imigração” prefere esconder: os imigrantes contribuem para a Segurança Social com mais 884,4 milhões de euros do que dela recebem.

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“Se houver coragem política podemos proteger os direitos do trabalho e da habitação”

No que respeita às condições de habitabilidade dos imigrantes, Maria Manuel Rola defendeu que “não podemos deixar de responsabilizar os patrões por salários de miséria, a que muitas vezes ainda subtraem rendas especulativas em troca de tugúrios”.

“Já sabemos que as condições de habitabilidade desses e outros trabalhadores são um problema de saúde pública para além de serem evidentes situações de exploração, escravatura e sonegação de direitos humanos”, afirmou a deputada.

De acordo com Maria Manuel Rola existe “claramente uma necessidade – e legitimidade – para que o Estado proceda à requisição, reabilitação e disponibilização nos programas de rendas controladas do Estado”.

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“Não podemos fazer de conta que existe uma lei contra o trabalho forçado quando ela não é aplicada”

Jorge Costa encerrou o debate sobre as propostas do Bloco para combater o trabalho forçado e a exploração criticando a ausência do governo no debate. O deputado teceu ainda críticas à direita “por insistir em continuar a fazer parte do problema”.

“Não podemos fazer de conta que existe uma lei contra o trabalho forçado quando ela não é aplicada”, vincou.

Para Jorge Costa, a tentativa da direita de tratar desta questão como se estivéssemos perante um problema de imigração é uma “hipocrisia a toda a prova”.

“O modelo de negócio da agricultura intensiva no nosso país baseia-se na sobre-exploração de mão de obra em grande medida. A necessidade desta mão de obra, a presença desta mão de obra e a sobre-exploração desta mão de obra já existiam no momento das alterações legislativas” que a direita apontam como sendo as causadoras do problema, assinalou.

De acordo com o deputado bloquista, “é um sinal político muito pesado que toda a direita se junte para trazer o tema da imigração num debate que é sobre direitos humanos, que é sobre os direitos do trabalho e que nada tem a ver com o estatuto migratório destas pessoas”.

Jorge Costa denunciou ainda a ligação da direita “aos interesses dos fazendeiros” e o seu desrespeito pela liberdade de imprensa.

“E quem tiver dúvidas sobre isso, veja o que aconteceu ontem na Comissão de Agricultura”, apontou. O dirigente do Bloco referia-se ao requerimento apresentado pelo PSD que pede a audição dos jornalistas da RTP que fizeram uma reportagem as condições em que é praticada a agricultura em Portugal.

O PSD alega que a peça transmite “uma imagem depreciativa da produção agrícola nacional”.

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Publicado por Esquerda.net a 26 de maio de 2021

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