Quatro anos depois dos incêndios de 15 de outubro de 2017 teme-se que o cenário se possa voltar a repetir

Incêndio
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A 15 de outubro de 2017 a região Centro foi assolada por 523 incêndios quase em simultâneo. As marcas do cenário de destruição ainda hoje são visíveis e pouco mudou. Teme-se que o cenário “infernal” se possa repetir.

Nos incêndios que afetaram sobretudo os distritos de Viseu, Castelo Branco, Guarda, Coimbra, Aveiro e Leiria, perderam-se cinquenta vidas e 190 mil hectares de floresta. Além de casas, empresas e de outras infraestruturas. Muitas famílias perderam tudo o que tinham e tiveram que reconstruir as suas vidas das cinzas.

O dia 15 e os dias que se seguiram foram de incertezas, com muitas pessoas a ficar sem comunicação, a perder o contacto com aldeias vizinhas, com familiares e amigos. O “pior dia do ano em matéria de incêndios florestais” levou a que fossem cortadas mais de 20 estradas, entre elas a A1, A25, IP3.

Observatório Técnico Independente considera que o problema dos incêndios em Portugal está longe de estar controlado

Na Análise crítica do Sistema de Gestão Integrada de Fogos Rurais e do seu Programa Nacional de Ação, de julho de 2021, o Observatório Técnico Independente (OTI), considera que continua presente “a grande vulnerabilidade perante situações meteorológicas adversas, cuja frequência poderá aumentar com as previsíveis alterações climáticas, num contexto de perda de população rural com as conhecidas consequências na ocupação e uso dos solos e na acumulação dos combustíveis.”

Por outro lado, o OTI conclui que o Sistema de Gestão Integrada de Fogos Rurais (SGIFR) e o Programa Nacional de Ação (PNA), que parcialmente o operacionaliza, estão ainda bastante incompletos, “tendo sido agora apresentado apenas o primeiro nível de planeamento do SGIFR, o nacional, faltando os níveis seguintes (regional, sub-regional e municipal) que materializam no terreno as mudanças propostas.”

A primeira avaliação feita pelo Observatório, em 2018, concluiu uma exagerada complexidade do sistema então existente A análise de 2021, “volta a concluir pela falta de coerência das peças que têm vindo a ser produzidas ao longo deste período, aumentando mesmo a já exagerada complexidade do sistema em 2018”.

Bombeiros do distrito de Viseu dizem que as condições não melhoraram e que a tragédia se pode repetir

Artigo do Jornal do Centro, adianta que comandantes das corporações de bombeiros de alguns dos concelhos mais atingidos pelos incêndios de 2017, na região de Viseu, dizem que as condições não melhoraram, pelo contrário pioraram com a falta de meios e pessoal, e que falta investimentos para evitar mais tragédias.

Todos os comandantes com quem o Jornal do Centro falou, nomeadamente dos Bombeiros Voluntários de Tondela, Oliveira de Frades, Santa Comba Dão, Mortágua e Vouzela, consideram que as condições nas corporações não melhoraram e que falta investimento nos equipamentos, nos meios humanos, na floresta e no ordenamento do território.

 

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