Segundo Pedro Oliveira a pandemia também é ocasião para desfazer a “confusão entre cultura e turismo”. “Parece que tínhamos descoberto a fórmula mágica, o turismo”, ficando dependentes ao ponto de hoje, quando grande parte da economia relacionada com o setor está a atravessar dificuldades, parece que não conseguimos viver sem ele. Em alternativa, o investigador defende que os núcleos museológicos “devem ser difusores de cultura para a comunidade”, que deve sentir que estes núcleos lhe pertencem.
Recorre ao último relatório do Turismo do Porto e Norte para ilustrar a falta de envolvimento das comunidades nos projetos museológicos da sua própria terra: “apenas 5% dos visitantes dos museu em Trás-os-Montes é que são habitantes nacionais”, preocupando-o o facto de as “pessoas da terra” sentirem que estes espaços não são delas. Agora, os museus “têm oportunidade de envolver a comunidade na sua programação” porque “têm de ter capacidade de ser reinventar e conseguir que as comunidades façam parte dos núcleos museológicos”. É, para além disso, “urgente redefinir uma política cultural de apoio às artes e à criação”, à programação e associações locais “que fazem um papel importantíssimo na região “.
Cláudio Torres deu o exemplo do que acontece em Mértola. A pequena vila conta com nove núcleos museológicos não sinalizados e espalhados pelo seu centro, que atrai 50 000 visitantes por ano. O facto de não estarem sinalizados levam a que só sejam encontrados pelos que “se perdem na vila velha e perguntam às pessoas, e as pessoas gostam de ser interrogadas”, um diálogo que cria um contexto em que muitas vezes os visitantes encontram “coisas mais interessantes que os próprios museus”, mas também “contam coisas” dando “riqueza à população”. Para o arqueólogo, por oposição ao turismo de massas, há este que começa a aparecer e que pode fazer parte do “futuro para este interior”, contribuindo para movimento que “começa a haver” de fixação de “urbanos” que querem “ficar por aqui no meio da paisagem e de coisas que gostaram de ver”.