O núcleo da rede 8 de março de Vila Real convoca mulheres para fazerem greve tanto no território nacional como particularmente em Vila Real. Haverá uma concentração em Vila Real, no dia 8 de março, pelas 15 horas no pelourinho, que visa questões como: o trabalho não remunerado com cuidados domésticos e familiares, como também as relações laborais dentro do movimento da Greve Feminista Internacional.
A rede 8 de março tem uma abrangência no território nacional e foi responsável pela greve no ano transato e possui diversos núcleos em vários concelhos do país, como é o caso de Vila Real. Consideram que Portugal é marcado pela divisão sexual do trabalho e que as mulheres acabam por ter jornadas laborais duplas e triplas e por isso convocam greve aos cuidados e às relações de trabalho.
Indicam existir uma diferença significativa na remuneração recebida no mercado de trabalho e nas responsabilidades que têm em casa. Citam um estudo da Fundação Francisco Manuel dos Santos, denominado “As mulheres em Portugal hoje” que verificou que as portuguesas assumem 73% das tarefas domésticas, tendo mais da metade do seu tempo quando estão em casa acordadas destinado aos cuidados de filhos e familiares. Isso resulta em 54 minutos por dia, em média, dedicados para os cuidados domésticos. Enquanto, os homens são responsáveis por apenas 23% desse tipo de trabalho não pago. Com esta realidade, segundo o mesmo estudo, só se alcançará a paridade na distribuição das tarefas domésticas, entre casais que trabalham fora, em cinco ou seis gerações.
Consideram também que “o mercado de trabalho reflete desigualdade entre gêneros. Enquanto as mulheres apresentam maiores níveis de escolaridade (60% das pessoas com ensino superior completo), a sua remuneração tende a ser inferior ao sexo masculino em 14,8%. Em 2017, as mulheres tinham como rendimento mensal base 859 euros, ao passo que os homens auferiam 949 euros. A diferença equivale a 54 dias a mais de trabalho pago a ser realizado pelas mulheres para totalizar o mesmo ordenado recebido pelos homens, conforme observou o estudo da Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego (CITE).”
“A disparidade salarial apresenta diferentes fatores, como nível de escolaridade, ocupação profissional assumida e localização geográfica. A região Norte de Portugal está próxima à realidade nacional, em que o ganho médio mensal das mulheres representava 80,9% do ganho dos homens. Numa realidade na qual 51% das mulheres se dizem infelizes nas suas atividades profissionais e mostram exaustão devido à sobrecarga assumida nas atividades de cuidado não pago, a Rede 8 de Março propõe um dia de paralisação para dar visibilidade à realidade das mulheres na sociedade portuguesa, às injustiças, às discriminações, à violência de gênero, ao longo caminho de luta que ainda existe para fazer.”
Segundo Katarina Silva do núcleo de Vila Real da Rede 8 de março “Muitas das mulheres da nossa região vivem uma vida de trabalho sem remuneração, trabalho doméstico, na agricultura familiar, nos cuidados a filhos e familiares. Não só passaram anos de trabalho duro, sem pagamento, ainda por cima não têm descontos que lhe assegurem uma reforma digna. Mas mesmo nos trabalhos remunerados, a nossa região é dada muitas vezes como exemplo da diferença de pagamento entre mulheres e homens. O trabalho rural no Douro é ainda hoje, no século XXI, uma atividade em que as mulheres recebem muito abaixo dos homens para exercerem tarefas iguais. Tudo isso sob o argumento das diferenças físicas, capacidade de trabalho e até, como já ouvi dizer a alguns ‘porque elas não aceitam receber o mesmo que os homens’. São realidades como essas que nos levam todas à rua no dia 08 de março.”
Evento:
Greve Feminista Internacional em Vila Real
Dia 8 de Março, às 15h, no Largo do Pelourinho
Mais informações em https://www.facebook.com/R8M.VilaReal
Escrito por JL