A Associação de Estudos do Alto Tejo (AEAT) confirma a destruição total de uma mina de ouro romana no sítio da Cova da Moura de Fratel, no concelho de Vila Velha de Ródão, através da surriba destinada a mais uma plantação de eucaliptos.
Segundo informação no próprio site, a AEAT foi alertada para o sucedido em meados de janeiro, tendo ido verificar a situação alguns dias depois. “No local deparámos com a destruição do sítio arqueológico através da surriba para plantação de eucaliptos, tal como nos tinha sido comunicado. Os eucaliptos, pelo porte, devem ter sido plantados há dois ou três anos”, descrevem.
A Associação defende que “os responsáveis por este crime patrimonial devem ser responsabilizados criminalmente, simultaneamente devem arrancar as árvores plantadas e custear trabalhos arqueológicos tendo em vista a caracterização do sítio.”
Acusando ainda de responsáveis pelo crime “os organismos que tutelam a floresta, a agricultura e a própria autarquia”. A “destruição do património arqueológico, tem sido comum, no concelho de Ródão e noutros, associados quase sempre a projetos agroflorestais”.
A área de elevada importância arqueológica consta no atual PDM de Vila Velha de Ródão, tal como já constava no anterior, com o nº 40. Está também registado no Portal do Arqueólogo da DGPC (Direção Geral do Património Cultural) com o Código Nacional de Sítio nº 2335. “Esta identificação em importantes documentos de ordenamento e gestão patrimonial fazia pressupor que este sítio arqueológico beneficiaria de alguma proteção”, mas nem isso o salvou, “muito pela falta de identificação e fiscalização”.
A mina romana foi identificada como bem arqueológico, na segunda metade dos anos 70, por elementos da AEAT. Mas as referências ao sítio arqueológico são anteriores, com o prof. Paulo Caratão Soromenho, com raízes em Fratel, no seu artigo Lendário Rodanense, de 1965, a dar o lugar como “mina explorada no tempo dos romanos”.
Tinham sido plantados eucaliptos na zona nos anos 80, em parcelas próximas da mina. Atualmente os vestígios da mina consistiam numa “das suas entradas, o escorial resultante da trituração do quartzo, no qual nem vegetação nascia, e áreas em cotas inferiores, com elevado potencial de solo para escavação e caracterização da referida mina.”
“No espaço não intervencionado e na sua envolvência foram recolhidos bases de pilões para trituração de minério, em quartzito, cerâmica de tipologia diversa de que destacamos tégula de cronologia Alto Imperial (romana) e um fragmento de uma taça em terra sigillata hispânica”, enumera ainda a Associação.
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