O debate promovido pelo movimento Santa Comba Dão insubmissa concluiu que o nível trânsito não justifica a obra (a maioria dos veículos pesados segue pelo IC12 direção Vilar Formoso) e que o Estudo de Impacte Ambiental apresenta informações imprecisas e decisões impostas sem auscultar os principais afetados.
A roda de conversa sobre a Variante Nascente de Santa Comba Dão decorreu no dia 10 de julho, no Restaurante Cota Máxima, localizado no Granjal junto ao rio Dão.
Segundo comunicado do movimento, “fluiu uma conversa muito participada, onde os e as intervenientes colocaram as suas opiniões sobre a possível construção da nova Variante”. João Andrade, membro do movimento, apresentou o projeto e o que estava em causa, tal como os impactos da nova Variante para o concelho de Santa Comba Dão.
Algumas das conclusões resultante do debate da roda de conversa sobre a nova variante prevista no âmbito da requalificação da IP3 desde o nó do Rojão até ao nó de Treixedo/Vila Pouca, que atravessa o concelho de Santa Comba Dão passando perto de localidades como a Cernada e a Póvoa de João Dias, foram as seguintes:
- “O nível trânsito não justifica a obra, já que a maioria dos veículos pesados, nomeadamente de mercadorias, seguem pelo IC12 direção Vilar Formoso;
- “A falta de manutenção das vias de acesso existentes é gritante e preocupante, o que nos leva a crer que seria prioritário que este processo de manutenção fosse feito de forma adequada e séria antes de ponderar construir mais uma via quase paralela a outra;
- “A opção mais viável e mais sustentável seria apostar no projeto hidrotermal do Granjal, tal como os nossos vizinhos São Gemil e Alcafache, criando uma zona protegida e rica em biodiversidade de flora e fauna, tal como o seu aproveitamento em termos de saúde pública;
- “O silêncio da Câmara Municipal de Santa Comba Dão, governada pelo Partido Socialista, deixa muito a desejar, como se já se tivesse esquecido o que constava no seu Programa Eleitoral para as eleições autárquicas de 2017 onde prometia o projeto hidrotermal. Agora nem informações sobre este projeto forneceu para o processo de Consulta Pública promovido pela Agência Portuguesa do Ambiente;
- “Seria prioritário, em vez de construir a nova Variante, concluir o IC12 até à A25 em Mangualde devido ao elevado trânsito, sobretudo de transporte de mercadorias;
- “O troço com mais trânsito do IP3, entre Coimbra e o IC12, na sua maioria e depois da requalificação ficou em muitos locais com 1+1 ou 1+2. Parece inacreditável que queiram realizar uma nova Variante de mais de 5 kms por causa de um troço crítico de 1 km onde não se consegue duplicar a via em ambos os sentidos (ponte da Linha da Beira Alta, ponte sobre a Ribeira do Vimieiro e ponte sobre o Rio Dão);
- “O Estudo de Impacte Ambiental deixa muito a desejar: Com informações imprecisas e decisões impostas “superiormente” sem ouvir os principais afetados: a população de Santa Comba Dão. O que representa uma grande falta de respeito pelo território onde se quer fazer a obra”
As justificações para a opção pela construção da nova variante são questões financeiras. “Alegadamente fica mais barato fazer este novo troço com duplicação de via do que duplicar a via já existente do IP3 entre o nó do Rojão e o nó de Treixedo/Vila Pouca. A zona crítica e que é considerada difícil de duplicar é a que passa junto à ponte da Linha da Beira Alta, a ponte do IP3 sobre a ribeira do Vimieiro e a ponte do IP3 sobre o rio Dão. O trecho Ribeira do Vimieiro/Travessia do Rio Dão, dos km 83,7 até 84,7 é identificado como ‘com muitos constrangimentos à duplicação da via existente’”, lembra o movimento.
O Santa Comba Dão Insubmissa já antes tinha considerado a construção da Variante Nascente de Santa Comba Dão prejudicial para o território e para a população local. Também o Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda já questionou o Ministério das Infraestruturas e da Habitação sobre esta situação, aguardando ainda resposta.
“O movimento Santa Comba Dão Insubmissa lutará incansavelmente para que a construção desta nova Variante não se realize, colocando para já, todas as informações disponíveis no processo de consulta pública que decorreu até 12 de julho”, sublinham.
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