No passado dia 24 de abril, os(as) trabalhadores(as) do Fórum Viseu enviaram um novo email à administração a exigir uma resposta ao respetivo abaixo-assinado, mais uma vez, sem sucesso.
Este silêncio e desprezo por parte da administração contraria a resposta dada ao Jornal do Centro, no dia 13 de abril, de “uma postura de diálogo aberto com os seus lojistas e com os seus funcionários”.
“Consideramos sensata a nossa exigência, pelo que apelamos à sensatez da administração sobre as nossas reivindicações.”, lia-se no segundo email enviado à administração.
A administração não atende às reivindicações dos(as) trabalhadores(as), demonstrando não ter qualquer preocupação com os seus interesses e direitos. O descontentamento dos(as) trabalhadores(as) é crescente por um acumular de situações sem resposta. Os(as) trabalhadores(as) sentem-se desrespeitados, em detrimento da mentalidade e dos interesses capitalistas implementados.
A luta dos(as) trabalhadores(as) do Fórum Viseu não é apenas o domingo de Páscoa.
Os horários do centro comercial são absolutamente desajustados à realidade dos lojistas, assim como às características dos clientes que o frequentam. “A partir das 20h30 os corredores estão desertos, mas obrigam-nos a sacrificar a nossa vida familiar e pessoal no cumprimento de horários vazios de movimento, até às 22h00 e muitas vezes até às 23h00”, comentava uma lojista.
Com horários que vão até às 22h, por vezes até às 24h, abertos todos os dias do ano, Portugal continua a ser um caso isolado na Europa. No resto da Europa é visto como “normal” o comércio grande e pequeno estar encerrado aos domingos e feriados e o horário de funcionamento é mais reduzido.
É de salientar que a grande maioria dos lojistas do Fórum Viseu concorda e subscreve a Iniciativa Legislativa de Cidadãos promovida pelo CESP/CGTP-IN, em mudar a Lei portuguesa: encerrar centros comerciais aos domingos e feriados e comércio aberto só até às 22h.
Outra das reivindicações que foi bastante comentada entre lojistas, durante as últimas semanas, é a proibição da utilização da zona alimentar do Fórum aos lojistas. A administração proíbe que qualquer lojista utilize as zonas de alimentação, mas não disponibiliza uma zona de lazer com refeitório apropriado à realização das suas refeições. Ou seja, quem traz comida de casa, não tem onde aquecer a sua refeição, nem pode sentar-se nas áreas de alimentação, sendo obrigado(a) a ter de pagar do seu bolso nos restaurantes do centro comercial.
Há testemunhos de trabalhadores(as) que abdicam de realizar as suas pausas de refeição pelo facto de não terem um espaço e facilidades destinadas às suas refeições. Salientam a indignação, pela administração do Fórum Viseu, em proibir que estes usufruam dos espaços comuns do Fórum (interiores e exteriores) para realizarem as suas refeições. Há relatos de trabalhadores(as) que são forçados(as) a recorrer às casas de banho ou armazéns do Fórum, ou até mesmo ao seu próprio carro, para poderem usufruir do seu tempo de descanso e pausa para refeições, uma vez que estão proibidas de comer nos espaços comuns.
A administração proíbe a utilização da zona alimentar do Fórum aos lojistas, mas as casas de banho já são possíveis de utilização. Muitas vezes com tempo de espera porque o movimento de clientes é elevado, muitas vezes encerradas para limpeza, muitas vezes sujas. Os lojistas exigem também casas de banho exclusivas para trabalhadores(as) do Fórum.
Em resposta ao Jornal do Centro, a administração do Fórum Viseu garantia que estava a analisar o abaixo-assinado, “tendo em consideração o interesse de todas as partes, nomeadamente dos clientes, lojistas e dos próprios funcionários de lojas e prestadores de serviços”. O interesse principal deve ser o dos(as) trabalhadores(as). Mencionava também que os assuntos são discutidos “no âmbito das reuniões periódicas”. Muitos lojistas criticam essas reuniões que não são assim tão periódicas nem úteis, outros desconheciam a existência de tais reuniões. Por fim, a administração afirmou: “Somos a favor do equilíbrio onde deverá, obviamente, ser compreendido que há direitos, mas também há deveres a cumprir.”. Os(as) trabalhadores(as) têm cumprido sempre os seus deveres, mas os seus direitos continuam a ser uma miragem. A administração tentou lavar a sua imagem na resposta ao Jornal do Centro, mas quem trabalha todos os dias do ano no Fórum Viseu sabe que o ambiente é autocrático.
Somos pessoas, com vidas familiares e sociais. Não somos um número numa folha de excel. Exigimos o direito ao descanso e ao lazer, como direitos garantidos na Constituição da República Portuguesa. Exigimos ser ouvidos. Exigimos respeito. Exigimos os nossos direitos. Nem mais, nem menos do que isso.