O interior continua com uma ferrovia insuficiente e com transportes públicos erráticos. Problemas que foram potenciados pela pandemia da covid-19, nomeadamente através da supressão de horários na oferta concessionária de transportes coletivos rodoviários de passageiros.
O investimento na ferrovia, um transporte de futuro nas áreas ambiental, económica e social, fica muito aquém das necessidades. Temo-nos deparado com um desinvestimento crónico na ferrovia, particularmente nos territórios do Interior, perpetuado por sucessivos governos, deixando capitais de distrito e grandes áreas do território sem oferta ferroviária de transporte.
A crise arrasou as já deficitárias alternativas de transporte público rodoviário. Existem ainda horários e percursos que não foram repostos numa oferta que já era antes insuficiente, limitando-se em muitos casos a dois transportes diários, condicionados pelos horários escolares, e dando resposta apenas às localidades atravessadas pelas Estradas Nacionais (EN).
Uma estratégia para os transportes públicos de continuidade ou cristalização dos modelos atuais não serve os interesses do país ou do seu Interior. São necessárias respostas que democratizem o acesso aos transportes públicos de proximidade, que permitam a sustentabilidade ambiental, social e económica e que criem mecanismos de desenvolvimento e coesão territorial.
Com Isabel Pires, Heitor de Sousa e Patrícia Pereira. Moderação a cargo de Eduardo Marques.