No último fim de semana, Catarina Martins e João Teixeira Lopes apresentaram o seu livro “Portugal Esquecido: Retratos de um País Desigual” em duas sessões abertas – uma em Lisboa e outra no Porto. Um trabalho de recolha de testemunhos e dados estatísticos, realizado por inúmeros autores, que pretende dar a conhecer diversas realidades do nosso país – realidades muitas vezes esquecidas.
Na contracapa do livro pode ler-se:
“A evolução de Portugal desde a década de 70 do século passado, a sua integração na União Europeia e no primeiro mundo, o torvelinho tecnológico, político, social e noticioso em que nos movimentamos diariamente parecem remeter para um plano muito afastado um conjunto de fenómenos sociais, ambientais e económicos do nosso país que este livro repõe no nosso radar (…) os autores salientam, assim, alguns dos mais profundos problemas da sociedade portuguesa, em áreas como a saúde, a habitação, o trabalho, as minorias, a desertificação e o ambiente. Num balanço no contexto das comemorações dos 50 anos do 25 de Abril, estas páginas apresentam propostas de transformação social para o futuro do país em que «a paz, o pão, habitação, saúde, educação» da canção de Sérgio Godinho ainda não estão ao alcance de todos”.
Os territórios do Interior estão representados neste livro, nomeadamente nos capítulos sobre mulheres rurais, sobre jovens que se vêm forçados a sair, sobre aldeias sem serviços públicos ou até em crise ambiental.
Para o Interior do Avesso, João Teixeira Lopes destacou que “o livro é sobre o Portugal Esquecido, o Portugal que não está nas notícias, que escapa ao radar dos comentadores e que, muitas vezes, é silenciado e invisibilizado”. Esclarece que “nesse Portugal estão vastas áreas do Interior: desde o Interior que não tem água, até ao Interior que não tem serviços públicos. Há um caso, por exemplo, de uma aldeia que não tem um único serviço público e essa distância face aos mecanismos de segurança social torna as pessoas mais isoladas e menos envolvidas politicamente”. Termina reforçando que é “fundamental que sejamos capazes de pensar sobre isso”.