Encontro do Avesso: “Nun hai beiles ne l’anterior?” (Não há bailes no interior?)

Não se podendo “bailar” no interior este ano, quais os principais desafios para o setor, quais as alternativas encontradas, quais as expectativas para o futuro e quais as medidas necessárias para que o setor cultural nunca pare? 

Estas são as questões que motivam o Encontro do Avesso com a presença online de Artur Mendes (Boom Festival), Leonor Afonso (Quintanilha Rock) e Mário Correia (Festival Intercéltico de Sendim), com moderação de Cristina Guedes (Comissão Coordenadora Distrital de Castelo Branco e Mesa Nacional do Bloco de Esquerda).

O setor cultural foi dos primeiros a ser afetado pela crise pandémica. Mas a cultura não parou, nem pode parar. Pelo contrário, tem vindo a desempenhar uma papel crucial na forma como a sociedade enfrenta a mudança drástica de rotinas e o maior isolamento físico. Festivais, concertos, espetáculos, leituras, cursos online foram oferecidos à população portuguesa ao longo dos últimos meses. Uma solidariedade que contrasta com a falta apoio e de medidas para o setor.

A decisão do Governo de que não haverão festivais de música pelo menos até 30 de setembro e as dúvidas sobre o que ocorrerá a partir dessa data, levaram ao cancelamento e adiamento de festivais para o próximo ano por todo o país. Os festivais dos distritos do interior não foram exceção.

 

Artur Mendes (Membro da organização do Boom Festival / Being Gathering / Good Mood Lda / IdanhaCulta)

Nascido em Lisboa, Portugal. É licenciado em Psicologia Social e Organizacional pelo ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa, tendo mais tarde iniciado um mestrado em Gestão Cultural.

É também formado em Liderança Criativa pela THNK School of Creative Leadership, assim como em Permacultura; Design de Ecovilas; ou Agricultura Biológica.

O seu amor pela música levou-o a ser activo na cena de música electrónica em Portugal desde meados dos anos 90, como público e profissional: envolvido no Boom desde os seus primeiros dias, como participante e membro da produção; organizando e sendo curador em eventos de diferentes géneros musicais; trabalhando em comunicação, copywriting, produzindo livros e documentários; ou ainda lançamento projectos musicais em plataformas internacionais.

Já representou o Boom em eventos tais como o Amsterdam Dance Event (ADE), Nuits Sonores, Green Events and Innovations, ADE Mumbai, CTM, Talk Fest, Green Operations, BIME, entre outros.

O seu propósito através do Boom é de transformar positivamente as pessoas através de iniciativas culturais em cenários naturais que despertem a subversividade dos Boomers – para que possam transformar as suas comunidades quando regressarem a casa.

A edição de 2020 do Boom, no concelho de Idanha-a-Nova, foi reagendada para 22 a 29 de junho de 2021. A edição adiada tinha o Antropoceno como tema e viu os seus bilhetes esgotarem em 90 minutos. A organização termina o seu comunicado dizendo “2020 seria o melhor Boom de sempre. 2021 será não apenas isso como também uma grande celebração da nossa humanidade”.

 

Leonor Afonso (Quintanilha Rock)

Natural e residente em Bragança. É licenciada em Ciências da Comunicação pela Universidade da Beira Interior; bacharel em Teatro- Interpretação, pela Escola Superior de Música e Artes do Espectáculo do Porto/IPP; licenciada em Estudos Teatrais pela mesma instituição e pós graduada no curso de teatro, ramo Encenação/Interpretação, também pela mesma escola.

Foi professora de Estética e Teoria Teatral na Escola Superior de Música e Artes do Espectáculo (ESMAE)/Instituto Politécnico do Porto, no departamento de teatro, entre 2004 e 2006. Em 2015 e 2016, dirigiu um grupo de Teatro-Fórum, com os reclusos, no Estabelecimento Prisional de Izeda. Atualmente leciona no departamento de Expressão Dramática e Teatro na Escola Superior de Educação/Instituto Politécnico de Bragança e é professora de teatro na APADI- Associação de Pais e Amigos do Diminuído Intelectual de Bragança.

Encenou o espetáculo “Imagine-se”, a partir da obra “Será Deus o Dr. Freud?” de Yvette Centeno, “(In)Humanos” a partir de textos de Álvaro de Campos, Almada Negreiros e Peter Handke; escreveu e dirigiu os espetáculos “Rosa para Eles e Azul para Elas”, "Nada" e “O Amor é para os Fortes”. Encenou, ainda, o musical “Dreamland”, a partir da obra “Miss Saigon” de Claude-Michel Schonberg e “(Un)Fairplay” , a partir de “West Side Story” de Leonard Bernstein e Stephen Sondheim, em Braga. Participou como atriz em espetáculos dirigidos por Fernando Moreira, Cláudia Marisa Oliveira, Julio Castronuovo, Jen Heyes, João Paulo Costa, Marcelo LaFontana, Alan Richardson, Harvey Grossmann, Nikolaus Holz, Marco Ferreira, Carlos J. Pessoa, entre outros.

Desde 2001 o Quintanilha Rock tem ocorrido de forma ininterrupta, na aldeia fronteiriça do concelho de Bragança. A edição de 2020, prevista de 3 a 5 de julho, não irá ser realizada. O festival, que se define como “uma visão contemporânea de encontro entre arte, comunidade e o mundo rural”, regressa em 2021, para o seus 21 anos. A organização pretende “que o Quintanilha Rock 2021 seja mais do que um evento efémero de música alternativa ao propor uma abordagem disruptiva que se traduz num processo coletivo de descoberta de novas possibilidades artísticas e criativas”.

 

Mário Correia (Festival Intercéltico de Sendim)

Mário António Pires Correia nasceu aos 26 de Março de 1952, na Praia da Granja, tendo passado grande parte da sua infância numa aldeia dos arredores de Braga. Durante a sua adolescência e juventude, repartiu o seu tempo entre as tarefas e exigências académicas (licenciatura em Economia, 1973) e o estudo e divulgação das músicas tradicionais. E a partir de 1970 passou a integrar o quadro de colaboradores regulares da revista de música popular editada no Porto, MC-Mundo da Canção, da qual se tornou director em 1976 e até Abril de 1998.

Integrando o grupo de divulgadores da música tradicional e popular portuguesa, assim como das suas congéneres europeias e latino-americanas, nos últimos anos tem desenvolvido intensa colaboração dispersa pelos mais diversos jornais e revistas. Realizou também alguns programas de rádio. Em 2002/2003, colaborou com a equipa responsável pela série televisiva “Povo Que Canta – Segundo Passo” na realização dos dois filmes consagrados a Trás-os- Montes. Acresce, ainda, a sua participação em diversos seminários, conferências e colóquios abordando temas relacionados com a música tradicional e popular, quer portuguesa quer europeia, assim como a regular realização de sessões informativas em diversas escolas do ensino secundário, em Universidades, em associações culturais e festivais.

Entre 1971 e 1998, Mário Correia foi o responsável pela programação e produção executiva do Festival Intercéltico do Porto, sendo actualmente consultor de vários festivais folk, nomeadamente galegos e asturianos (participando activamente nas respectivas actividades paralelas).

A partir de Julho de 1998, Mário Correia decidiu criar as condições necessárias e adequadas à concretização de toda uma série de projectos pessoais, criando em Março de 1999 a sua própria empresa, SONS DA TERRA – Edições e Produções Musicais.

Em Setembro de 2001, fundou o Centro de Música Tradicional Sons da Terra, sediado em Sendim (Miranda do Douro), consagrado ao trabalho de recolha, estudo e divulgação da música tradicional (com particular incidência na área transmontana). Assumindo-se como um centro de investigação, o Centro tem apoiado estudantes de etnomusicologia e antropologia (nacionais e estrangeiros) na elaboração quer de simples trabalhos quer de projectos mais completos e extensos (teses e tesinas várias, em colaboração com instituições universitárias sobretudo estrangeiras). Investigador na qualidade de membro colaborador do IELT (Instituto de Estudos de Literatura Tradicional) da Universidade Nova de Lisboa, tem vindo a publicar regularmente várias obras consagradas às temáticas musicais.

O Festival Intercéltico de Sendim atrai todos os anos milhares de amantes de música folk à vila do Concelho de Miranda do Douro para assistir a atuações de artistas de vários países. A 21.º edição, que ocorreria de 30 de julho a 1 de agosto, foi cancelada. O festival regressa em 2021 .

 

Moderação: Cristina Guedes (Bloco de Esquerda)

É natural de Travancinha, Seia, distrito da Guarda. Atualmente reside no Fundão, distrito de Castelo Branco e tem 52 anos.

É Professora de Física e de Química no Agrupamento de Escolas do Fundão;

Membro do Sindicato de Professores da Região Centro;

Membro da Assembleia Municipal do Fundão;

Membro da Comissão Coordenadora Distrital de Castelo Branco e da Mesa Nacional do Bloco de Esquerda. Faz parte do Grupo Proteção da Serra de Argemela.

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