Dia 2 de Maio, a Escola Secundária Alves Martins em Viseu recebeu a eurodeputada e candidata às eleições europeias do Bloco de Esquerda, Marisa Matias.
A candidata dirigiu uma palestra cujo tema era “Que futuro para a Europa?”. Os alunos puderam entender o que acontece no Parlamento Europeu, a forma como são abordadas as preocupações dos vários países.
A palestra ficou ainda marcada pela presença de uma intérprete de língua gestual que, mostrou a forma como o antigo liceu de Viseu incluí os seus alunos surdos, de forma a que estes se sintam integrados na sociedade.
Numa entrevista conjunta do #DaComunicação e do Interior do Avesso foram vários os temas abordados, os problemas que assolam o interior do país, a educação ou a crise social que se vive na Europa.
A candidata do Bloco de Esquerda, admite que os orçamentos europeus para o desenvolvimento das regiões de baixa densidade são os que “mais reduções sofrem” e que “estas reduções que são feitas afetam o país na sua totalidade mas são as regiões do interior que mais sofrem”.
Porém, Marisa também acrescenta que, uma parte do problema está “na forma como os fundos comunitários são distribuídos pelos países e posteriormente como os governos os distribuem”, afirmando ainda que, uma grande percentagem é investida nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto.
Quanto às suas preocupações que levou ao Parlamento Europeu e que têm impacto no interior do país, afirma serem muitas desde a nível económico, a nível de serviços públicos.
A eurodeputada revela que a sua luta em Bruxelas tem sido maioritariamente na área da saúde pública, exemplificando que “existiam zonas do país, em que crianças diabéticas, não tinham serviços públicos na área da saúde, para colocarem uma bomba de insulina”.
O interior do país é a zona do país que, mais sofre neste momento, a centralização dos serviços nas grandes cidades, o aumento do êxodo rural, a falta de condições monetárias, uma vez que a maioria da população do interior aufere o ordenado mínimo.
Porém, e apesar de todas as desvantagens, Marisa Matias concentra-se nas vantagens sendo a principal a humana. Realça as paisagens e a sua beleza, a qualidade de vida que é possível ter nas cidades do interior, porém é a vantagem humana a principal na sua lista.
E que as medidas governamentais devem ter como principal beneficiário, a população, criando condições a nível de serviços públicos e de oportunidades de empregabilidade.
Em conversa o tema da redução de vagas nas principais universidades do país, a desmistificação de que o ensino no interior do país é de segunda qualidade e o aumento do número de apoiantes de movimentos extremistas na Europa foram também assuntos de destaque e preocupação.
No presente ano lectivo 2018/2019, o governo decretou uma medida para a redução de vagas nas Universidades de Lisboa e Porto, de forma a atrair os jovens para as universidades e politécnicos do interior do país.
Em pergunta à Marisa Matias se esta medida poderia ser o primeiro passo para eliminar o mito de que o ensino superior no interior do país é de segunda qualidade, a candidata às eleições europeias a decorrer no dia 26 de maio, reconhece que,
Porém, acrescenta que, “não basta trazer os alunos para o interior, é preciso criar condições para que eles possam cá ficar” uma vez que, se estas condições forem inexistentes a tendência para a desertificação será para aumentar.
Em ano de eleições são várias as expectativas quanto às percentagens de abstenção, assim que questionámos se estes resultados se devem à falta de interesse da camada mais jovem, aos sistemas de ensino que não cultivam o interesse numa participação ativa na política nos jovens estudantes ou à falta de divulgação nos meios de comunicação. A ex-candidata à presidência da República, concorda que ambos sejam fatores importantes nos resultados elevados de absentismo, porém, acrescenta que, “o sistema de ensino mantém longe os temas como a política” acrescenta ainda que, “as pessoas participam no que lhes é próximo”, explicando a elevada percentagem de abstenção face às últimas eleições.
A atualidade tem sido marcada pelas reviravoltas políticas nos países europeus. Pela crise social na França, e pelo avassalador aumento de apoiantes de partidos extremistas, assim será que a Europa está preparada para tal? A candidata responde que, “neste momento só há quatro países na Europa que não têm partidos de extrema direita”, explicando que, se este aumento de poder se deve “ infelizmente, aos partidos de direita que abriram portas à legitimação de movimentos de extrema direita achando que iriam bloqueá-las”.
Acrescenta ainda que, a Europa está a “pagar um preço muito caro” ao ver o crescimento do “discurso do ódio, do racismo, da xenofobia e tudo isso são fatores que podem levar à fragmentação do projecto europeu.
Concluiu, salientando que, o mais preocupante é a “falta de memória” que os europeus têm face ao passado histórico, à “memória histórica, à memória da vida”.