Estudo da ANACOM mostra que a cobertura de rede móvel em aldeias do interior é praticamente inexistente. Isabel Pires, deputada do Bloco, diz que o “acesso a serviço de internet e telecomunicações é essencial para combater as desigualdades”.
De acordo com o Jornal de Notícias (JN), um estudo recente da ANACOM realizado na região do Norte, Alentejo e Área Metropolitana de Lisboa sobre a qualidade dos serviços de comunicações móveis (telefone, mensagens e dados) revela que nas cidades do litoral há eficiência de perto de 90%, enquanto no meio rural é de 63,4%.
O estudo foi realizado em 162 municípios e revelou que existem verdadeiras diferenças neste âmbito entre o litoral e o interior. A ANACOM refere que as diferenças são em todos os serviços e a cobertura de rádio chega a ser “inexistente, um serviço de voz com “acentuada degradação de desempenho” relativamente às capacidades de estabelecimento e de retenção de chamadas ou na transferência de ficheiros, em download e upload.
O presidente da Comunidade Intermunicipal Terras de Trás-os-Montes, Artur Nunes, em declarações ao JN exige que todas as aldeias sejam abrangidas pelo Programa Portugal Digital onde nem todas as localidades e parte do IC5 não têm cobertura de rede.
Esta situação tem impedido a instalação de empresas na região, já que “nem temos sequer Internet com velocidade, a rede de fibra ótica não chega a todo lado. Há empresas que para trabalhar precisam de comunicações rápidas”, aponta Artur Nunes.
Isabel Pires: “Acesso a serviço de internet e telecomunicações é essencial para combater as desigualdades”
No plenário da Assembleia da República de hoje, 17 de setembro, a deputada do Bloco de Esquerda Isabel Pires, alertou que “ainda há tanta gente com dificuldades a aceder a serviços como a energia, o gás, a água e as telecomunicações” e falou da tarifa social de acesso à internet já que “as condições de desigualdade e pobreza devem ser combatidas para garantir o acesso de todos estes serviços”.
Isabel Pires disse que “desde a pandemia o acesso à internet e telecomunicações se revelou ser mais um factor de potencial desigualdade e por isso é preciso responder”.
Para a deputada, “neste momento não estamos perante um bem universal porque existem dificuldades de cobertura de rede porque ela está dependente de interesses privados por erros que foram cometidos no passado”.
No plenário foi debatida a possibilidade de uma tarifa social de acesso à internet e Isabel Pires considerou que este debate deve ser acompanhado por três notas: O preço, a finalidade que as pessoas dão à internet e a falta de cobertura de rede no país.