O Bloco de Esquerda de Vila Real marcou presença num debate público promovido pelo movimento cívico Via Estreita, que aconteceu no passado sábado (27 de janeiro), na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), que pretendia discutir e desmistificar alguns tabus sobre a ferrovia.
O Bloco voltou a defender a sua posição relativamente à Linha do Corgo, assim como dos restantes ramais afetos à linha do Douro.
Apresentado em 2019, o Plano Ferroviário Nacional, pelo Bloco de Esquerda, e chumbado no Parlamento com votos contra do PS, PSD e CDS, o Bloco defende a ligação de todas as capitais de distrito de Portugal por ferrovia.
Em comunicado divulgado no Facebook do Bloco de Vila Real, lembra que os partidos que votaram contra a proposta do Bloco “têm sido responsáveis por um desinvestimento sistemático na Ferrovia. Entre 1995 e 2018 perdemos 18% da ferrovia – 460km foram desmantelados, 101 estações fechadas e 100.000 pessoas ficaram sem acesso ao comboio. Portugal foi o 3.º país da Europa que mais desinvestiu na ferrovia. Atualmente, dos 3622 km de ferrovia existentes no país, apenas 70% – 2527 km – estão em funcionamento.”
Já as auto-estradas têm sido a prioridade dos governos, tendo o investimento ultrapassado “os 23 mil milhões de euros, para depois as concessionar a privados.”
O Bloco tem constantemente alertado para o desinvestimento na ferrovia, que “encontra paralelismo na saúde e na educação, e está de acordo com a ótica neoliberal de privatizar o lucro e nacionalizar os prejuízos.”, segundo o comunicado.
Para o Bloco, a solução passa por três pontos que justificam o investimento na ferrovia e a reabertura da Linha do Corgo: a sustentabilidade demográfica, ou seja, na melhoria da “mobilidade das populações adjacentes às linhas, diminui o isolamento e democratiza o acesso aos transportes”; na sustentabilidade turística, que contribua para o comércio local e para a economia das comunidades; e a sustentabilidade climática, pois uma “viagem de comboio polui 77% vezes menos que uma viagem de carro e 98% vezes menos que uma viagem de avião, em termos de emissão de gases com efeito de estufa, segundo dados da Greenpeace.”
No debate público, Daniel Conde, ativista pela defesa da ferrovia portuguesa, apresentou um “estudo financeiro para a reabertura do troço Régua – Vila Real. Custo total: 11 milhões de euros, sem material circulante. Com as ajudas financeiras da Europa, e majorações que chegam aos 85%, isto dava um investimento por parte das autarquias abaixo dos 2 milhões de euros.”
Daniel Conde lançou esta quarta-feira uma petição pública, dirigida à Assembleia da República, em defesa da reabertura total da Linha do Corgo, tal como preconizada pelo Plano Ferroviário Nacional.