Foi lançada hoje uma petição pública, dirigida à Assembleia da República, em defesa da reabertura total da Linha do Corgo, tal como preconizada pelo Plano Ferroviário Nacional.
Inaugurada em 1906, a Linha do Corgo é uma linha de caminho-de-ferro desactivada, que unia as localidades de Chaves e Régua. Com 96 km de extensão e com 30 estações, a linha atravessa cinco concelhos: Peso da Régua, Santa Marta de Penaguião, Vila Real, Vila Pouca de Aguiar e Chaves.
A petição, lançada por Daniel Conde, ativista pela defesa da ferrovia portuguesa, passando pelos Movimentos Cívicos pela Linha do Tua e do Corgo, exige ao Estado Português que assuma o compromisso da reabertura integral da Linha do Corgo. Compromisso esse que foi acordado “num documento elaborado em estrita união com os cidadãos após dois períodos de consulta pública”, segundo consta na petição.
A luta pela reabertura e modernização desta linha leva vários anos e os movimentos de cidadania têm contribuído para que esta via férrea não seja esquecida. Tendo estes mesmo lembrado a urgência e as múltiplas vantagens para a região, ao nível demográfico, ambiental e económica.
O documento alerta que “num território cuja única referência viária é a autoestrada A24 (portajada), e completamente refém do transporte rodoviário e da sua insustentável pegada ambiental e peso económico, e à luz dos desígnios nacionais de Coesão Territorial, Descarbonização da Economia, e Combate ao Despovoamento, reabrir a Linha do Corgo é uma conclusão apenas e só lógica, responsável e de longo prazo.”
Apesar de a totalidade da Linha do Corgo ter sido incluída no Plano Ferroviário Nacional, apresentado em novembro de 2022, uma vitória dos movimentos cívicos “alcançada após anos de luta dos cidadãos, à qual o poder político regional pouca ou nenhuma força deu”, no terreno verifica-se o contrário.
“As próprias autarquias locais prosseguem com a sistemática destruição de edifícios e ocupação do canal ferroviário com um projecto de uma ciclovia, que ora se quer assumir como eixo de mobilidade numa Região com graves deficiências de transporte público, ora se arvora em Caminho de Santiago, como surge ainda paralela a ciclovias e caminhos pedestres já existentes, não apresentando um único estudo de utilização potencial, nem contrapondo um estudo de reabertura da Linha do Corgo, num exercício de pura demagogia.”, lê-se na petição.
“acreditamos que a Reabertura Total da Linha do Corgo é um projecto de elevado impacte positivo na Economia e no bem-estar desta Região”
Os peticionários definem como prioridade que o Estado “legisle no sentido de confirmar a inclusão da Reabertura Total da Linha do Corgo, entre a Régua e Chaves, na versão final do Plano Ferroviário Nacional, alocando-lhe desde já as fontes/programas de financiamento e verbas necessárias, que contemplem todas as fases da sua execução, desde o estudo de reabertura ao estudo prévio e de projecto, e bem assim das obras e equipamentos necessários à reactivação e reposição dos serviços ferroviários subtraídos a esta Região”.
Entre vários pontos assinalados, solicitam também que seja estabelecido um cronograma de Reabertura exequível mas conciso; que mantenha a sua bitola métrica; que seja “ligada através de ramais às zonas industriais de Zimão e de Sabroso de Aguiar, para além de outras conexões que sejam identificadas como potenciadoras do tráfego ferroviário de mercadorias, como para as zonas industriais de Chaves e de Vila Real”; que a linha seja electrificada; que seja explorada com recurso a sinalização electrónica; e que “ofereça serviços ferroviários de passageiros, frequentes ou ocasionais, transporte de despachos, transporte pesado de mercadorias, e comboios turísticos, aproveitando ainda o vasto edificado para projectos turísticos e de cooperação com as autarquias locais, aproveitando assim ao máximo todas as fontes de receita disponíveis à sua exploração”.
A reabertura deste troço é assim fundamental para o desenvolvimento desta região que vive condicionada ao uso do automóvel para de movimentar no território. É um projecto de elevado impacte positivo na Economia e no bem-estar desta Região, das suas gentes e das suas empresas, permitindo criar uma nova mobilidade amiga do ambiente e assim fomentar a coesão do território”, conclui a petição.