Hélder Amaral, deputado do CDS eleito pelo círculo eleitoral de Viseu, em declarações ao Jornal do Centro, acusou recentemente “a Associação Empresarial, os autarcas e a sociedade civil” de estarem a “ver as dificuldades que o Governo está a ter para garantir a linha (Aveiro-Mangualde) mas não fazem nada” e de nada fazerem para a criação de uma estação de caminho de ferro na cidade de Viseu, e critica a falta de mobilização na defesa desta causa. “Não quero acreditar que os viseenses tenham perdido a ambição e a alma, ou estejam cansados de derrotas”, disse.
A criação desta estação de comboios esteve em votação na Assembleia da República, há apenas dois meses, no âmbito da proposta do Plano Ferroviário Nacional do Bloco de Esquerda. Esta proposta mereceu o voto contra de Hélder Amaral, tendo este sido a voz da bancada do CDS contra a proposta. Para o BE as declarações de Hélder Amaral foram “infelizes e não correspondem totalmente à verdade” acrescentando que “criticou tudo e todos por não fazerem o que ele não fez quando podia”.
Em comunicado, o Bloco de Esquerda pergunta “onde estava o deputado do distrito?” quando foi anunciado o “Plano Estratégico de Transportes e Infraestruturas (PETI3+), apresentado pelo governo de PSD-CDS de Pedro Passos Coelho, Vítor Gaspar, Paulo Portas e Assunção Cristas, e que previa exatamente o que agora Hélder Amaral critica, a passagem pelo interior de comboios de mercadorias, como se este território fosse um empecilho entre os portos no litoral e a europa.”
A criação do corredor Aveiro-Viseu-Mangualde, presente no PFN apresentado recentemente pelo BE, colocava a região com duas estações de passageiros, a nova em Viseu e a atual de Mangualde, local estratégico onde defendem a criação de uma Plataforma Logística regional de projeção internacional a pensar no tráfego de mercadorias, aproveitando a capacidade industrial instalada e a ligação com a Linha da Beira Baixa.
Investimentos na Linha do Douro e Linha da Beira Alta também constam deste PFN
No Comunicado lançado pela Comissão Coordenadora Distrital de Viseu do Bloco de Esquerda, também foram lembrados os investimentos propostos por estes na Assembleia da República na linha da Beira Alta, que seria modernizada no percurso Pampilhosa-Mangualde, local onde se juntaria ao corredor internacional Aveiro-Viseu-Mangualde seguindo para Espanha.
Quanto à Linha do Douro, que serve a população do norte deste distrito, o BE diz que “a tão urgente modernização da linha vai-se arrastando lentamente e a necessária requalificação de apenas 29,6 Km troço Pocinho – Barca d’Alva foi excluída do Plano Nacional de Investimentos, essencial para permitir uma outra ligação ferroviária a Espanha”, assunto que levou recentemente à criação de uma petição amplamente apoiada e difundida na região do Douro.
As críticas a Hélder Amaral prosseguiram
No mesmo comunicado o BE diz que “a época eleitoral começou” terminando com um parágrafo irónico:
“Não estivessem gravadas as declarações e talvez não fosse fácil de acreditar que Hélder Amaral, além da estação de Viseu, fala no problema das Alterações Climáticas, da aposta na Ferrovia e até das portagens nas ex-SCUT! Com uma campanha difícil pela frente, ainda vamos ouvir Hélder Amaral a defender aumento do salário mínimo, o fim das taxas moderadoras na saúde, a proibição de herbicidas nas vias públicas, a reversão da privatização dos CTT ou até o fim das touradas… Cá estaremos para avivar a memória!”
(Escrito por CC)