Jardins suspensos em Viseu

Os Jardins Efémeros não se vão realizar este ano, por falta de verbas segundo a organização que sublinha ser impensável baixar a fasquia da qualidade a que o evento já tinha habituado os viseenses e os visitantes.
A reação do Vereador da Cultura do Município, Jorge Sobrado, foi de surpresa com esta posição, referindo que pela parte da Câmara o financiamento nunca esteve em causa, avançando como eventual hipótese a antecipação da abertura da Feira de S.Mateus.

A solução apresentada também surpreendeu a comunidade por estranhar que um evento de características tão distintas possa ser considerado uma alternativa.

A preocupação explícita pelo autarca seria evitar que pessoas que já tenham feito as suas reservas nos hotéis e outras unidades de alojamento, não as cancelem, avançando assim a feira de S. Mateus como alternativa cultural aos Jardins Efémeros.
Os últimos grandes eventos apoiados pela CMV – o Festival Internacional de Folclore e o Tinto no Branco, associado ao vinho da região demarcada do Dão, bem como a mais recente aposta na gastronomia, entre outras coisas, demonstram uma intenção relacionada com o turismo e a captação de clientes para a indústria hoteleira da região.
Esta estratégia é comum a outras cidades do interior, porém algumas reações foram de interrogação se, pelas suas características, a Feira de S.Mateus possa colmatar a ausência dos Jardins Efémeros.

Lembremos que este evento atraía um público com outras características e para entender isto basta ver de quem partiram as reacções de desagrado espelhadas nos meios de comunicação de impacto nacional pela suspensão dos Jardins Efémeros- para se perceber que estes atraíam a Viseu um público cosmopolita com preferências culturais bem diversas das que caracterizam a Feira Anual da cidade, cujo público está mais confinado ao distrito e portanto, não terá necessidade – mesmo que tenha posses – de se alojar no centro ou na periferia da cidade de Viseu, podendo vir das redondezas e regressar a casa na noite do mesmo dia em que visita a Feira.

No caso do Jardins Efémeros, pela qualidade e projeção do evento, o público não se ficava por uma visita única à cidade, repetindo a visita a cada edição, o que em termos de estratégia seria um modelo a replicar.

Não foi ainda dado como certo que esta antecipação da abertura da Feira de S. Mateus seja levada à prática. No entanto a preocupação da comunidade prende-se desde já com a dúvida se 4 meses de feira não irão criar uma desnecessária saturação, além dos previsíveis transtornos que causaria à cidade, já que a realização da feira acarreta fechar ao trânsito uma área significativa da mesma.

(Escrito por AG)

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