Lacunas no serviço ferroviário da linha da Beira Baixa resultam em queixas dos utentes

A Comissão Coordenadora Distrital de Viseu do Bloco de Esquerda e a candidatura do Bloco de Esquerda por este círculo eleitoral realizou ontem, dia 29 de agosto, uma viagem de comboio pela Linha da Beira Alta, no percurso Mangualde-Mortágua em que ouviu queixas dos utentes e constatou algumas lacunas do serviço.

Apesar desta linha internacional se afirmar como o principal acesso por caminho de ferro entre Portugal e o resto da Europa, têm-se verificado vários problemas como o descarrilamento de comboios devido a desabamento de taludes, interrupções motivadas por incêndios florestais e os crónicos transbordos de autocarro em substituição do serviço ferroviário.

As requalificações a que esta linha tem sido sujeita têm resolvido alguns dos problemas pontuais, mas segundo o Bloco de Esquerda não intervêm estruturalmente acabando por privar as populações dos serviços que anteriormente usufruíam.

Da população contactada alguns dos problemas indicados são a falta de coordenação entre transportes públicos regionais com a Linha da Beira Alta, a coordenação dos horários entre as próprias linhas ser deficitário, a inexistência de bilheteira na estação de Mortágua e na de estação de Mangualde o horário da bilheteira não estar adaptado aos horários dos comboios. De acordo com Bárbara Xavier, candidata pelo Bloco nas próximas Legislativas, o contacto com a população veio confirmar as necessidades que o Bloco de Esquerda tem vindo a identificar.

Defendendo o investimento público na Linha da Beira Alta como “imprescindível e urgente”, o Bloco aponta no seu comunicado diversos problemas.

“A requalificação de alguns troços da linha encontra-se em processo, no entanto a requalificação de toda a linha é uma necessidade e continuam a existir regiões nas quais não está prevista, condicionando a segurança das linhas e obrigando a que em alguns troços seja necessário realizar transbordo. Em relação à segurança das/os utentes é urgente a limpeza da vegetação junto à linha, especialmente numa época de verão e tendo em conta a exagerada presença, em praticamente todo o percurso, de espécies que rapidamente ardem e ajudam a propagar incêndios, como o são os eucaliptos.

A utilização do serviço de transporte ferroviário é limitada para pessoas com mobilidade reduzida, tendo-nos sido explicado que as/os utentes nesta situação terão de previamente avisar qual o comboio e qual o horário que vão utilizar. Esta situação revela-se uma redução da autonomia, liberdade e privacidade das pessoas, reduzindo drasticamente a sua livre vontade.

Um dado interessante que verificámos durante a viagem foi o facto da larga maioria das/os utilizadoras/es deste serviço serem pessoas do Distrito de Viseu e da Guarda que necessitam de se deslocar para Coimbra de forma a acederem aos cuidados médicos de que necessitam. Além do serviço nacional de saúde ser centralizado, há uma grande falta de transportes públicos que diminuam a distância a que as populações estão destes serviços essenciais.

As duas estações visitadas encontram-se afastadas de qualquer local de restauração/bar, no entanto não existe um bar ou cafetaria que sirva as/os utente.

Também a necessidade de tornar a rede nacional como parte da Rede Trans-Europeia de Transporte (RTET-T) e a criação do Corredor Internacional Norte (Aveiro-Viseu-Mangualde), com a construção de 86 km e ampliação da linha até Vilar Formoso se mostra um factor de valorização destas regiões.”

(Escrito por MFS)

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