Na unidade de saúde de Mangualde, onde o atendimento permanente fechou, a coordenadora do Bloco vincou como “absolutamente vital” a criação de um programa de recuperação da saúde não-Covid. Sobre o mais recente veto presidencial, esclareceu que o Bloco votou contra o programa de austeridade para as autarquias.
Catarina Martins visitou esta quarta-feira uma unidade de saúde em Mangualde onde o atendimento permanente foi suspenso no início da pandemia e depois não foi retomado. A dirigente bloquista esclareceu que na altura “houve uma série de encerramentos” num momento “em que ainda se tentava perceber como responder” à Covid-19.
Mas, mais de um ano depois, é “absolutamente incompreensível” que Mangualde “continue sem um serviço de atendimento permanente e as pessoas que têm uma urgência básica são obrigadas a irem para Viseu”. Isto é “duplamente negativo”, considerou: “por um lado, as pessoas de Mangualde são obrigadas a deslocar-se e os cuidados de saúde ficaram mais longe para uma população envelhecida”, o que “é um problema grave”; por outro, “o hospital em Viseu acaba por ter a urgência com casos que não deviam ir parar à urgência do hospital porque deviam ser resolvidos numa urgência básica”.
Não se entende porque se mantém o encerramento porque “neste momento já se sabe o suficiente sobre a forma como o Covid se espalha para que seja seguro abrir serviços de atendimento permanente; por outro lado porque o que precisamos seguramente no interior é que as pessoas se possam sentir bem aqui e não fechar serviços públicos que é uma forma de ir despovoando o interior”.
Para a dirigente bloquista, “em tempos em que se discute autárquicas temos de ser claros sobre o que significa a igualdade de tratamento dos cidadãos em todo o território nacional e no acesso à saúde seguramente”. Mas o momento é também de preparação do Orçamento de Estado para o próximo ano. Nesse âmbito, o Bloco defende que “é absolutamente vital que haja um programa de recuperação da saúde não-Covid”.
A deputada distinguiu assim duas dimensões na questão do encerramento deste atendimento permanente. Uma, é “a ideia de que olhamos para o interior e de que nos resignamos com o despovoamento e se fecham serviços públicos com a desculpa de que não há gente suficiente”, o que faz com que o interior esteja cada vez mais despovoado quando, pelo contrário “os serviços públicos têm a obrigação de garantir condições para que as pessoas possam e queiram aqui viver”.
Outra é “transversal” e diz respeito à fixação de profissionais no Serviço Nacional de Saúde. Nela se integram várias questões como as “carreiras estagnadas, o facto de não existirem recursos para a estabilidade, para a exclusividade, tempos de serviço que não são contados, têm feito com que tantos profissionais decidam sair e não se candidatem”. O exemplo dado foi o último concurso para médicos de família que “ficou 30% vazio, ninguém se candidatou” e em que “50% das vagas até eram em Lisboa e Vale do Tejo”.
Bloco responde ao veto às alterações ao PAEL
Os jornalistas presentes quiseram ainda saber o que pensa o partido sobre o veto presidencial às alterações ao Programa de Apoio à Economia Local. Catarina Martins esclareceu que a posição do Bloco não se confunde com a da direita: “o PSD fez o PAEL, o Bloco de Esquerda quer acabar com ele”, considerando-o “um programa de austeridade que a troika impôs e que impede as autarquias de fazerem investimentos fundamentais na altura em que as populações estão mais vulneráveis”.
E foi por esta razão que votou contra a “incompreensível” “alteração cirúrgica” feita pelo PS e PCP para “resolver o problema de meia dúzia de autarcas”.
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