A empresa Infraestruturas de Portugal está a fazer um estudo técnico para o troço Pocinho-Barca d’Alva, prevendo a sua reabertura com as mesmas características do resto da linha do Douro. A informação foi adiantada ao Público pelo presidente da Câmara da Régua, José Manuel Gonçalves, que integra o grupo de trabalho para a reabertura da linha do Douro até à fronteira espanhola.
A reabertura do troço até à fronteira espanhola nas mesmas condições da restante linha, não o desqualificando, pretende também que servir “como pressão” para que Espanha assegure a continuidade do comboio até Salamanca, explica a notícia do Público.
O autarca da Régua salvaguarda ainda que “independentemente dos resultados do estudo, há a percepção de que a linha é viável e que essa viabilidade não está dependente da ligação a Espanha”.
Está em simultâneo a decorrer um estudo económico, também liderado pela IP, mas que decorre de um pedido da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N).
O grupo de trabalho que vai definir o modelo da reabertura da Linha do Douro até Barca d’Alva é coordenado pela CCDR-N e integra autarcas em representação da Comunidade Intermunicipal do Douro e elementos da IP.
Em Maio passado, quando foi constituído o grupo, Ana Abrunhosa, ministra da Coesão Territorial, revelou que os estudos prévios para a reabertura do troço apontam para um investimento na ordem dos 50 milhões de euros. Segundo um estudo da IP datado de 2016, a que o Público teve acesso, estima-se em 43 milhões de euros a reabertura do troço até à fronteira, aos quais se deveriam acrescentar 119 milhões do lado espanhol.
A Assembleia da República aprovou em março, por unanimidade, os projetos de resolução do Bloco de Esquerda, PCP, PEV, PAN e PSD, que defendem a requalificação da Linha do Douro, a reabertura do troço Pocinho – Barca d’Alva e a reativação da ligação a Espanha.
Porém, o ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, diz que esse investimento depende de disponibilidade financeira (apesar de haver fundos comunitários para tal em vários programas europeus). Um argumento que já não utiliza quando se compromete com a linha de alta velocidade Lisboa – Porto, no valor de 4,5 mil milhões de euros.
Uma falta de compromisso sentida pelas populações, céticas em relação à tão ansiada reabertura do troço, que de resto está expressa no PNI 2030 (Plano Nacional de Investimentos), onde para o Pocinho-Barca d’Alva apenas consta que “serão feitos os estudos necessários à expansão e reforço da rede onde tal se revele pertinente”.
A Linha do Douro, aberta até ao Pocinho, aguarda também obras de modernização, sendo este o projeto mais atrasado do programa de investimento Ferrovia 2020. A contratação da eletrificação entre o Marco e a Régua deveria ter ocorrido no início de 2018 e as obras deveriam estar terminadas em finais de 2019, mas neste momento ainda nem foi lançado o concurso público.