O Movimento Cívico pela Linha do Tua (MCLT) tem procurado a antiga toma de água da estação ferroviária de Bragança, um reservatório cilíndrico com o nome da estação, que considera um símbolo da memória do comboio. Descobriram agora que a peça apodreceu num depósito de Famalicão.
A toma de água foi retirada de Bragança juntamente com outro património, aquando do desmantelamento da linha do Tua, no início da década de 1990. A peça foi levada para um depósito em Vila Nova de Famalicão, no distrito de Braga, onde Fernando Sarmento, do movimento cívico, chegou a vê-la, segundo notícia da Lusa.
Porém, na última vez que por lá passou já não viu o reservatório, o que levou a organização a questionar os responsáveis, nomeadamente o Museu Nacional Ferroviário, que ficou com o espólio das linhas desativadas, qual o seu paradeiro, contou à Lusa Fernando Sarmento.
De acordo com esclarecimento prestado à Lusa pela Divisão de Logística e Mobilidade da Câmara Municipal de Bragança, o município quis, há cerca de dois anos, transportar a toma de água para Bragança quando estava a construir o Museu Ferroviário, que, entretanto, abriu na antiga estação do comboio. Tal nunca se chegou a concretizar devido ao estado de elevada degradação do depósito, que impossibilitou o seu transporte.
“Não pode ser transportado, nem reparado devido ao mau estado”, afiançou à Lusa o município de Bragança, responsável pelo museu local, que é um dos núcleos espalhados pelo país do Museu Nacional Ferroviário. Perante esta situação, o museu nacional promoveu o abate da peça.
Para Fernando Sarmento, o esclarecimento prestado pela Câmara de Bragança à Lusa revela o que o MCLT temia. “Infelizmente não é o desfecho que nós queríamos, mas é um pequeno exemplo do abandono a que está votada a linha do Tua e região”, reagiu.
Fernando Sarmento confessou-se ainda “profundamente triste” com o desaparecimento desta peça pela “importância e simbolismo que tinha”, já que pertencia à última estação da linha do Tua, que tinha 134 quilómetros, entre o Douro, em Foz Tua, e Bragança, estando atualmente toda desativada.
No âmbito do Plano de Mobilidade, anunciado e adiado, está prometido o regresso do comboio entre Mirandela e o Tua, como contrapartida pela construção da barragem de Foz Tua. Apesar de a barragem já estar a produzir energia há vários anos, a incerteza continua em relação ao regresso da ferrovia e o MCLT “lamenta que o projeto não avance”, continuando a reivindicar uma ligação ferroviária na região.
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