UTAD vai investigar fontes linguísticas de Angola e Moçambique

África

O Centro de Estudos em Letras (CEL) da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) está a recrutar um Investigador Júnior para investigar as fontes primárias metalinguísticas (gramaticais e lexicográficas) das línguas africanas, mais especificamente de Angola e Moçambique.

Segundo notícia da UTAD, o estudo terá como foco o desenvolvimento das línguas em Angola e Moçambique uma vez que, segundo Gonçalo Fernandes, Diretor do CEL, Cabo Verde, Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe “não preservaram as línguas indígenas, tendo produzido línguas crioulas de base lexical portuguesa”.

O estudo terá como fonte o material escrito por missionários do Padroado Português e leigos de língua portuguesa, entre 1482 e 1975. O trabalho metalinguístico dos missionários é “quase desconhecido em Portugal e fora de Portugal e dos respetivos países”, existindo “pouquíssimos trabalhos de investigação sérios” sobre a lexicografia das línguas nativas dos países lusófonos, acrescenta o responsável.

Gonçalo Fernandes considera que atualmente existe uma “grande lacuna nos estudos das Ciências da Linguagem em geral e da Linguística Missionária em particular. África continua a ser o continente esquecido pela maioria dos linguistas modernos”. O que justifica precisamente contratação de um investigador em Ciências da Linguagem.

O Diretor do CEL explica ainda que a codificação de línguas africanas em gramáticas e dicionários “aumentou drasticamente” após a Conferência de Berlim (1884-1885), enquanto a “atenção dos estudiosos pela história da linguística das línguas africanas só começou no século XX”. Foi precisamente na última década deste século que se registaram “desenvolvimentos consideráveis na lexicografia africana”.

A nível mundial são ainda poucos os investigadores dedicados ao estudo das línguas autóctones africanas. Contudo existirão mais de 2 000 línguas no continente, agrupadas em quatro grandes famílias linguísticas: Niger-Congo (1.539 línguas), Afro-asiático (376 línguas), Nilo-Sahariana (207 línguas) e Khoisan (36 línguas).

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