O estado da Cultura, a cultura do Estado

Foto de ST Produções Teatrais | Flickr
Para começar, ficava bem citar alguém famoso, da história ou da contemporaneidade portuguesa, não o vou fazer.
Vou antes dizer que milhares de agentes culturais, desculpem, pessoas, estão neste momento a passar fome. Não, não é um exagero. Estão a passar fome. Não tem rendimentos, quem lhos paga também não tem. Quem lhes paga também é, normalmente, contratado por aqueles que conhecemos por artistas, que também não têm trabalho, ou se têm e o que têm, exclui os outros todos da cadeia, ou seja, há uns quantos que não passam fome, por durante anos terem acumulado riqueza e prestigio, com o trabalho de quem hoje não tem o que comer.
Também não queria falar de números e gostava mesmo que os números fossem, de alguma maneira, um motivo de esperança. Não são!
0.21% do Pib, é o orçamento para a Cultura para 2021. Os demagogos dirão: “São 0.39% do Pib para a Cultura”.
Pois são, dos quais 0.18% são para a RTP.
A RTP, não representa metade da cultura, não representa e sendo serviço público, deveria ter um papel muito mais influente e abrangente na divulgação das artes e da cultura.
No entanto a RTP tem transmitido touradas ao longo dos anos. (Só em 2022 será proibida a transmissão em sinal aberto)
Torturar animais por prazer não é cultura.
Os diferentes Governos, ao longo dos anos, decidiram apostar num acervo elitista, que não sabe olhar, mesmo numa perspectiva de investimento, para os seu jovens ou pouco conhecidos artistas. Prefere pagar muito por “consagrados” e apoiar acervos privados duvidosos, do que investir no que de melhor tem: a força criativa de gerações de pessoas que dão tudo pela arte e pela cultura.
É este o estado da Cultura, é esta a cultura do estado.
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Simão. De artes. De esquerda. 1m e 63. Ajudante de todas as secções. Pai orgulhoso da Leonor e do Simão.

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