A APT-Associação dos Pastores e Agricultores do Norte, de Vila Real, alerta para as dificuldades de escoamento que os produtores estão a enfrentar devido à crise provocada pela pandemia da covid-19, que também está a atrasar as candidaturas para reflorestação, controlo de espécies invasoras e limpeza.
A APT considera que os agricultores “continuam a ser o parente pobre, apesar de toda a gente depender deles para se alimentar” e reivindica mais apoios, mas exige, antes de mais, “que se pague um preço justo pela produção”, sublinha Daniel Serralheiro ao Diário Atual.
Uma das principais dificuldades sentida pelos produtores, segundo a APT, é a diminuição dos apoios para a manutenção das explorações agrícolas em zonas desfavorecidas. No início do quadro comunitário 2020 eram de cerca de 260€/ha, agora rondam os 220€/ha. A associação diz ainda que os produtores que se queiram candidatar aos fundos comunitários para comprar gado autóctone não o conseguem fazer, uma vez que a verba destinada a essa área já se esgotou.
Estão a decorrer as candidaturas ao PDR2020 para reflorestação, controlo de espécies invasoras e limpeza
O diretor da Federação Nacional dos Baldios (BALADI) explica ainda que as candidaturas apresentadas para baldios, inseridos em áreas protegidas, com um financiamento de cerca de 85%, têm maior probabilidade de serem aprovadas, embora a pandemia esteja a atrasar a validação das candidaturas, já de si um processo burocrático que tende a atrasar-se, uma vez que as vistorias realizadas pelo IFAP (Instituto de Financiamento da Agricultura e Pescas) “não estão a ser feitas”.
No dia 1 de fevereiro de 2019, a Federação Nacional dos Baldios assinou um protocolo com o ICNF (Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas) e com o Governo para a criação de dez agrupamentos de baldios a nível nacional, assente na ideia de melhoria na gestão dos cerca de 400 mil hectares de baldios existentes em todo o território nacional, sendo que a maior parte desses baldios se concentra na região do Alto Tâmega.
Através deste protocolo, com a duração de três anos, será realizado o levantamento dos limites dos baldios com recurso a GPS e será dado apoio na gestão dessas áreas. Em cada agrupamento do Alto Tâmega serão ainda criadas zonas com 100 ha para gestão de matos. Um outro objetivo da BALADI é ainda a promoção turística destes territórios, desenvolvendo dois percursos pedestres, recuperando casas florestais, e criando um “baloiço para o infinito”, semelhante ao baloiço da serra da Lousã.
Ver também:
Trás-os-Montes: Agricultores preocupados com o escoamento dos produtos