Catarina quer enfrentar interesses económicos para “acertar as contas” com o interior

Perante uma sala cheia em Viseu, Catarina Martins deixou “uma garantia aos poderosos que vampirizam Portugal: o Bloco está aqui contra a porta giratória dos interesses e da economia do privilégio, pela dignidade no trabalho, contra o crime económico e a corrupção”. Artigo esquerda.net .
Fotografia de Pedro Gomes Almeida
O Bloco Esquerda deu início ao período oficial da sua campanha com um comício em Viseu, que contou com intervenções de Catarina Martins e Pedro Filipe Soares e dos candidatos e candidatas Pedro Cardoso (Guarda), André Xavier (Bragança), Cristina Guedes (Castelo Branco), Enara Teixeira (Vila Real) e Manuela Antunes (Viseu).

Catarina Martins fez referência ao modelo económico que a direita tem oferecido ao país: “baixar impostos aos mais ricos, privatizar serviços públicos e dizer a quem trabalha que é normal que o salário seja baixo”.

“O modelo económico que a direita nos vem oferecer nestas eleições é exatamente igual ao modelo económico que nos ofereceu sempre. É o modelo económico que se provou sempre errado. Que o Bloco provou ser errado”, vincou a dirigente do Bloco.

Catarina destacou que “no interior sabem que o projeto da direita sempre foi o de aniquilar o Estado Social e os serviços públicos”, e que tanto sofreram com isso.

E deixou uma garantia “aos poderosos que vampirizam Portugal: o Bloco está aqui contra a porta giratória dos interesses e da economia do privilégio, pela dignidade no trabalho, contra o crime económico e a corrupção”.

“São estas as contas certas que constroem a justiça e a igualdade no nosso país. E essa é uma garantia que o Bloco dá e que mais nenhum partido pode dar”, apontou.

Reforçando que o Bloco assume o compromisso de coesão territorial e de uma economia mais justa, a coordenadora bloquista defendeu que “no interior tem de ficar também a riqueza que cá é produzida”.

Voltando a abordar a questão dos 110 milhões de euros que a EDP está a dever ao povo de Miranda do Douro, Catarina realçou que esta é a “ponta do icebergue das tantas centenas de milhões de euros que os poderosos deste país tiraram ao interior “.

“O Bloco de Esquerda está cá para acertar as contas. E não é por acaso que há tanta gente com vontade de se livrar dos empecilhos da esquerda”, e que tem surgido um discurso da “normalização de projetos do Bloco central”, assinalou a dirigente bloquista.

De acordo com Catarina, “foi sempre nas maiorias absoluta, no Bloco central, na alternância sem alternativa”, que os “abutres da economia nacional” se sentiram mais confortáveis.

Agora, com o plano de recuperação e resiliência à espreita, “há tantos destes abutres da economia portuguesa” que tudo farão para que “a esquerda não tenha uma palavra” e para que “possam fazer negócios com governos de maioria absoluta, seja ela da forma que for, porque isso sim, sempre lhes deu conforto”.

O Bloco não esquece o seu mandato, por “salários dignos e pensões dignas”, e pelo “combate à economia do privilégio e da desigualdade”.

“Há políticas públicas que podem fazer a diferença” no interior

Fotografia de Pedro Gomes Almeida

O líder parlamentar do Bloco de Esquerda, Pedro Filipe Soares, lamentou que o interior tenha vindo a ser votado ao abandono e frisou que “há políticas públicas que podem fazer a diferença”.

Acusando o Partido Socialista de deixar a proposta da regionalização na gaveta, e de só se lembrar dela em períodos eleitorais, o dirigente do Bloco avançou que, “se o povo de esquerda que vive no interior quer a regionalização a sério, então vote em quem a defende a sério, vote no Bloco de Esquerda”.

Falando da participação da direita ao longo da pré-campanha eleitoral, Pedro Filipe Soares destacou que a mesma foi pautada pelos três “F’s”, as três faltas: “Falta de preparação, falta de palavra e falta de gás”.

O dirigente bloquista afirmou que a preparação de Rui Rio “ficou à porta de casa”, já que “não chegou aos debates”. Já a Iniciativa Liberal foi ilustrativa do que é a falta de palavra, ao não ter problema em prometer uma coisa, “para ver se cola, e, se não colar, prometer exatamente o seu contrário”.

“Mas nós não esquecemos. Sabemos como eles são: sorrateiros. Como sabem o que querem e, por vezes, enganam as pessoas, para conseguirem o poder e depois fazerem aquilo que querem, e não aquilo que prometeram”, avançou Pedro Filipe Soares.

E o que eles querem é uma taxa plana, para baixar os impostos “aos milionários do país”, fazendo com que, inclusive, pessoas que não pagavam IRS por terem um salário baixo passem a pagar, explicou o líder parlamentar do Bloco.

“É esta a desigualdade que eles querem fomentar”, apontou.

Pedro Filipe Soares acrescentou que a IL quer obrigar os estudantes a pagar os seus cursos do ensino superior, matando uma das maiores “conquistas do Portugal democrático”, que é o acesso à Escola Pública e a um curso superior.

O Bloco sabe que a igualdade se baseia na solidariedade, algo tão estranho a quem só é solidário com os lucros dos grandes milionários, como o é a Iniciativa Liberal”, referiu o dirigente do Bloco.

Pedro Filipe Soares recordou, por outro lado, a falta de palavra do CDS, assinalando que Francisco Rodrigues dos Santos se esqueceu de assumir, durante o debate com Catarina Martins, que foi o seu partido que votou contra a redução do preço da energia.

A falta de gás está, de acordo com o líder parlamentar bloquista, do lado da extrema-direita, que não conseguiu sequer ganhar um debate, porque ficaram “desmascarados na sua demagogia, no seu populismo, no seu machismo e na sua homofobia”.  “Não passarão, e não estão a passar”, afirmou Pedro Filipe Soares.

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