Identificação de edifícios privados com amianto leva quase dois anos de atraso

Amianto
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Foto por Stefano Mortellaro | Flickr
Bloco volta a requerer ao Governo a lista de empresas, fábricas e locais de comércio com amianto. Quercus alerta para ausência de material de proteção e para o número insuficiente de empresas habilitadas a remover em apenas dois meses o amianto de 578 escolas.

O Bloco de Esquerda endereçou uma pergunta à ministra do Trabalho e Segurança Social a respeito da divulgação e levantamento dos edifícios privados com amianto.

O partido lembra que não foi entregue nenhum plano de identificação de edifícios privados com amianto com potencial de risco. Em causa, explicam, estão edifícios de empresas, edifícios de empresas, fábricas, locais de comércio “e outros de grande afluência de pessoas que podem conter amianto, mas que continuam a colocar em risco os seus utilizadores sem sequer existir essa informação”.

Não é a primeira vez que o partido questiona a ministra Ana Mendes Godinho a respeito desta matéria, sendo que continua sem resposta.

Face a esta situação, o Bloco de Esquerda quer que a ministra esclareça se já recebeu o plano para identificação de edifícios, instalações e equipamentos com amianto que deveria ter sido entregue até 10 de dezembro de 2018.

E se a resposta for negativa, é pedido à ministra que esclareça por que motivo tal não aconteceu e qual a data previsível para a sua conclusão e entrega.

 

Faltam máscaras e fatos para remoção de amianto

O grupo SOS Amianto, da Quercus, lançou o alerta sobre a ausência de fatos e máscaras para a remoção de amianto no mercado nacional. A não utilização deste equipamento põe em sério risco a saúde dos trabalhadores responsáveis pela remoção do material cancerígeno.

Em comunicado citado pela Lusa, a SOS Amianto diz que fez um levantamento no mercado nacional em matéria de remoção de amianto e constatou que “o fornecimento de máscaras de proteção adaptadas para filtros rosca do tipo P3 e fatos tyvec tipo 5/6, imprescindíveis para a remoção deste tipo de materiais, estão a escassear no mercado nacional”.

De acordo com o grupo, estes materiais estarão a ser encaminhados para a proteção dos profissionais de saúde para o combate à covid-19 e outros ficaram retidos na alfândega devido à falta de conformidade Comissão Europeia (CE).

A situação, já de si preocupante, torna-se mais grave quando se sabe que o Governo anunciou recentemente que irá aproveitar o período de pausa escolar para remover estruturas de amianto em 578 escolas.

A SOS Amianto adianta também ter recebido denúncias que relatam que, pela falta de fatos e máscaras de proteção, os técnicos utilizam as proteções durante vários dias consecutivos.

“Desta forma colocam em risco a saúde e segurança dos trabalhadores dado que as fibras de amianto ficam ‘agarradas’ aos fatos, numa das operações que requer mais rigor nos procedimentos de proteção contra a inalação destas fibras carcinogénicas”, alerta o grupo.

A SOS Amianto realça também que em Portugal não existem empresas habilitadas para a remoção de amianto em número suficiente para garantir a intervenção nas 578 escolas nos próximos dois meses e meio, num período em que os equipamentos de proteção individual estão a ser condicionados para responder à pandemia. Além disso, recordam que em oito anos foram removidas coberturas e elementos em fibrocimento em cerca de 200 escolas, pelo que a meta de 578 em dois meses não lhes parece exequível.

“Por este motivo tememos que, para cumprir o calendário, se recorra a empresas sem qualificação e não preparadas para este nível de exigência, não respeitando os critérios de higiene, segurança e saúde necessários para o manuseamento deste tipo de carcinogénico”, frisou o grupo da Quercus.

Por isso, a SOS Amianto considera fundamental definir um calendário de intervenções, para o próximo ano, considerando os cenários possíveis em período de Covid-19.

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Artigo publicado no Esquerda.net

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