Marisa Matias, eurodeputada e candidata à Presidência da República, esteve com a população de Dardavaz (Tondela) que tem travado uma luta contra a poluição da ribeira que atravessa a localidade, alvo frequente de descargas poluentes. A Ribeira de Dardavaz é afluente do Rio Criz que desagua no Rio Dão, que por sua vez desagua no Rio Mondego.
Em declarações ao Interior do Avesso, Marisa Matias disse estar “completamente solidária com a luta que têm travado contra a poluição da Ribeira. Estamos a falar de um contexto de completa violação das normas ambientais e de saúde pública, e estamos também a falar de uma violação total da diretiva quadro da água. Estamos num contexto em que não é apenas a população local que é afetada pela poluição porque a água é usada não apenas para consumo na região, mas estende-se para além, nomeadamente para a região de Coimbra, distrito de Coimbra, uma vez que esta água acaba por chegar ao Mondego.”
As fontes dos episódios de poluição consistem em descargas de águas residuais industriais sem o devido tratamento provenientes da ZIM (Zona Industrial Municipal) da Adiça, em Tondela, mas também descargas ilegais de efluentes industriais não tratados descarregados diretamente para os coletores públicos de águas pluviais.
Nesse sentido, a candidata à Presidência da República chama a atenção que “é preciso lutar pelo emprego e pelo investimento no interior do país, mas não pode ser à custa nem da saúde das populações, nem do meio ambiente, e por isso mesmo precisamos de garantir que quer o Governo, quer a autarquia local, respeitam a dignidade destes cidadãos e destas cidadãs e precisamos de garantir que o investimento que é feito no interior é um investimento que cumpre todas as normas e que não é para o interior que se deixam ir os projetos mais poluentes.”
Já foram, nomeadamente, aplicadas sanções à Câmara Municipal de Tondela pela prática ilegal da rejeição de águas residuais provenientes da ETAR da ZIM Adiça. “Houve um investimento numa ETAR que não está a funcionar, essa é uma questão que também tem que ser tida em consideração e tem que que ser fiscalizada”, sublinhou Marisa Matias.
Marisa Matias afirmou ainda que “continuaremos a estar [ao lado da população], até que este problema seja resolvido, porque é uma luta que diz respeito à própria qualidade da nossa democracia. Quando deixamos que haja pessoas no país que sejam mais afetadas do que outras, quando deixamos que haja populações que não têm direito a que se cumpra a legislação, quando deixamos que haja regiões e territórios que sejam afetados, é a própria democracia que está em causa.”
A poluição provocada por estas descargas já acontece há mais de 5 anos, tem gerado protestos e as entidades competentes já foram por diversas vezes alertadas através de denúncias formuladas pelo movimento cidadão Poluição Ribeira de Dardavaz, pelas associações, mas também pelo Bloco de Esquerda que tem acompanhado de perto a situação.
As denúncias já foram feitas, nomeadamente, junto da Agência Portuguesa do Ambiente -Administração da Região Hidrográfica do Centro (APA – ARH-Centro), GNR-SPNA e da entidade responsável pela gestão destas infraestruturas municipais – Câmara Municipal de Tondela. O eurodeputado do Bloco de Esquerda, José Gusmão, entregou uma pergunta à Comissão Europeia, que respondeu que a APA tem obrigação de fazer cumprir os valores-limite aplicáveis pelas diretivas europeias e pondera intervir.