Urgeiriça: passados 13 anos, ainda existem casas da primeira fase por descontaminar

Casa da Urgeiriça
Casa da Urgeiriça

Passados 13 anos do início do processo de descontaminação das habitações das minas da Urgeiriça, incumprindo recomendações da Assembleia da República de 2018 para que o processo fosse célere e urgente, existem ainda residências por descontaminar, entre as quais algumas das mais afetadas.

O processo tem sofrido sérios atrasos, “agravando a situação de saúde dos ex-trabalhadores das minas de urânio expostos à radiação nas suas habitações”, sublinha a deputada Isabel Pires, do Bloco de Esquerda, em pergunta ao Ministro do Ambiente e Ação Climática.

O plano de descontaminação em três fases prevê a recuperação das casas mais contaminadas na primeira fase, sendo a segunda e terceira fases destinadas à requalificação das habitações com menor contaminação. Porém, existem ainda habitações da primeira fase por descontaminar. Os atrasos nas outras duas fases são ainda mais significativos.

“Os perigos para a saúde dos ex-trabalhadores das minas de urânio agravam-se a cada dia que passa, particularmente no que concerne às doenças do foro oncológico. É inaceitável que estas pessoas continuem expostas a níveis perigosos de radioatividade por inoperância das entidades responsáveis, designadamente a Empresa de Desenvolvimento Mineiro e o Governo”, defende o Bloco de Esquerda.

Sublinhando que “os atrasos no processo de descontaminação das habitações têm de ser resolvidos de forma célere e urgente. Esta é a principal recomendação vertida na Resolução da Assembleia da República n.º 192/2018, de 23 de julho, originada pelo Projeto de Resolução n.º 960/XIII/2 do Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda, aprovado por unanimidade. Importa esclarecer as razões que levam o Governo a não atuar de forma eficaz, incumprindo as recomendações da Assembleia da República.”

O Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda questionou a 10 de junho de 2020 o ministro do Ambiente e da Ação Climática sobre os atrasos no processo de descontaminação das habitações das minas da Urgeiriça. Não tendo obtido qualquer resposta, insistiu nas questões em abril deste ano.

  1. “Como justifica o Governo o atraso do processo de descontaminação das habitações das minas da Urgeiriça, passados 13 anos do seu início?
  2. “Qual o ponto de situação do processo de descontaminação?
    1. Quantas habitações foram descontaminadas?
    2. Quantas estão por descontaminar?
  3. “Quando prevê o Governo que se conclua a recuperação de todos as habitações da Urgeiriça com níveis de radioatividade prejudiciais para a saúde?
  4. “Quando serão descontaminados os logradouros?
  5. “Vai o Governo cumprir, ou fazer cumprir, todas as recomendações da Resolução da Assembleia da República 192/2018, de 23 de julho?
    1. Em caso afirmativo, quando prevê o Governo que sejam cumpridas cada uma das recomendações do diploma?”

O Governo entretanto respondeu, justificando os atrasos com “fatores externos à Empresa de Desenvolvimento Mineiro, S.A. (EDM)”, responsável pelo processo de descontaminação.

Ficam ainda vertidos na resposta os números das casas cuja intervenção ainda não está concluída: 3 habitações da primeira fase (num total de 70) e  27 habitações da segunda fase (num total de 58). A terceira fase e a descontaminação dos logradouros ainda não avançou, aguardando a conclusão das fases anteriores.

 

Pergunta 1735/XIV/2 – Atrasos no processo de descontaminação das habitações das minas da Urgeiriça

 

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