Agigantar-se com os mais fracos

Foto por Diego Garcia
Antes de abordar aqui o caso do chamado Bairro do Património, volto ainda ao assunto da Taxa de Ocupação do Subsolo. O senhor Vítor Pereira, incapaz de encarar de frente o facto vergonhoso de o nosso Município ser aquele que mais cobra aos seus munícipes, a nível nacional, antes de “prometer” que para o próximo ano (2020) poderá haver uma redução dessa Taxa – eu aposto que o senhor Presidente queria dizer 2021, ano de eleições – justificou-se na Assembleia Municipal com o facto de as receitas arrecadadas com a mesma Taxa não poderem ser reduzidas devido aos compromissos inerentes ao PAEL. Pura demagogia! E não, não se trata de pedagogia, como tanto gosta de dizer o senhor Vítor Pereira. É que as receitas geradas com a cobrança da TOS seriam exactamente as mesmas, sem prejuízo dos compromissos com o PAEL, mas divididas entre os munícipes e a empresa distribuidora! Ou seja, procedendo a uma redução da taxa paga pelos consumidores locais e fazendo a Galp arcar com o restante. Só que o senhor Vítor Pereira é muito fraco com os fortes.

Não assim com os moradores do Bairro do Património. Aí, Vítor Pereira deu uma lição de como, pese o seu “Socialismo Democrático e em Liberdade”, se é forte com os mais fracos. De facto, com os moradores daquele bairro, o senhor Vítor Pereira agigantou-se! Cresceu! Agigantou-se com os moradores e não disse nada daquilo que era essencial ser dito aos membros da Assembleia Municipal, como era seu dever. Mas, acerca destes, não sabemos ainda se representam os munícipes…ou se representam o Partido Socialista, embora as dúvidas aqui também não sejam muitas, saliente-se em nome da verdade.

Foto por Diego Garcia
De facto, o presidente da Câmara declarou que as moradias daquele Bairro são pertença da autarquia. Desde quando, senhor presidente, poderá esclarecer? É que a história da formação daquele bairro, já com cerca de 70 anos, começou com vários actos de solidariedade de entidades e pessoas privadas: o senhor Conde da Covilhã deu os terrenos e várias empresas e pessoas beneméritas mandaram construir as casas e doaram o seu uso a muitas famílias, como foi o caso da empresa Mabor. Certamente impondo, como aliás consta de documentos, os deveres inerentes ao mesmo uso. E a doação para uso, como também se pode ler nos referidos documentos, era extensível aos descendentes, os quais não pagavam qualquer renda. Isso consta e está escrito e agora a Câmara não quer sequer respeitar a vontade expressa dos beneméritos. Sem pingo de dignidade! A acreditar nas palavras do senhor Vítor Pereira, a Câmara tornou-se a proprietária das casas do bairro do Património. Ninguém sabe como tal se processou e com quem – ou talvez se saiba! – nem desde quando. Mas não deve ter sido há muito tempo… caso contrário há muito tempo que os moradores já teriam sido intimados a apresentar os documentos… a fim de pagarem as rendas. A verdade é que o senhor Vítor Pereira ainda nada disse sobre a matéria, nem sequer aos deputados municipais. Nem destes ouvimos uma palavrinha de indignação, sobretudo da parte dos eleitos nas listas do Partido Socialista! Neste aspecto, é assim hoje e era assim na governação do senhor Carlos Pinto, em que a Assembleia Municipal mais não era do que caixa de ressonância do Executivo. Para quem tanto gosta de dizer que esta Câmara tornou mais livre e mais respirável a vida dos covilhanenses…

Voltando ao bairro do Património, dizer que o senhor Vítor Pereira nem se dignou, como era seu dever como presidente da entidade agora senhoria das casas, falar com os moradores, muito menos deslocar-se ao próprio bairro para ouvir e informar as pessoas. O senhor Vítor Pereira só sai dos Paços do Concelho para convencer os cidadãos a darem-lhe o seu voto. Mas já sabemos que a Câmara tem o propósito de avançar com as rendas – vamos ver os respectivos montantes – mas, como também já se sabe, nem pensar em fazer obras nas casas… Isto também é certo e não faltam na Câmara os zelosos cobradores de rendas, que rondam as concessões de cafés e de bares e rendas quando os respectivos concessionários se atrasam um poucochinho no respectivo pagamento… Com efeito, não é possível evitar o contraste entre a generosidade das entidades empresariais e privadas que doaram os terrenos e mandaram edificar e deram para uso de habitação sem cobrança de rendas e uma Câmara dita socialista que, gulosa de rendas, de impostos e de taxas, não hesita em impor rendas a quem nunca as pagou por declarada generosidade de beneméritos! Seria caso para perguntar, com espanto: afinal, quem é socialista? Sinais dos tempos! Quem sabe se ainda não iremos ver esta Câmara a cobrar rendas aos familiares de defuntos sepultados nas campas rasas do cemitério municipal! Para cumprir os imperativos financeiros do PAEL!

Talvez esteja na altura de os covilhanenses começarem a pensar em substituir este presidente nas próximas eleições.

É necessário e urgente virar isto do avesso: o interior e o país!

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Nasce em Santa Maria da Feira em de Abril de 1940. Cumprido o Ensino Secundário Liceal, frequenta o Curso de Filosofia na Faculdade de Letras da Univ. do Porto. Depois de passar pela guerra colonial, regressa a Portugal já depois do 25 de Abril, ingressa no Ensino Oficial até à passagem à aposentação em Junho de 2007.
Radicado numa cidade do interior, a Covilhã, aqui empreendeu a investigação sobre a História do seu operariado dos Lanifícios, assim surgindo já dois livros : História do Movimento Operário da Covilhã ( I e II volumes) e ainda A Covilhã na 1.ª Grande Guerra ( 1914-1918 ) em coautoria.
Actualmente, desenvolve a sua actividade, além da investigação, pelo movimento associativo, voluntariado e colaborador na imprensa local.
Este autor escreve segundo o antigo acordo ortográfico.

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