A morte programada da Linha do Douro

Foto por Paula Nunes | Esquerda.Net
O direito à indignação e ao protesto justifica-se!!!

Contrariando as diversas posições públicas do governo PS e ainda de alguns comprometimentos de deputados deste partido, quer de Vila Real quer de Bragança, a imprensa anunciou recentemente duas medidas tomadas pela administração da IP (Infraestruturas de Portugal – que absorveu as antigas REFER e CP), sobre a ferrovia, cujo conteúdo e objetivo são claros: a destruição meticulosa e calculista da linha ferroviária do Douro, a partir de Marco de Canaveses.

Os sinais efetivos, ao longo dos tempos, não anunciavam coisa melhor…

Encerramento do comboio Intercidades com partida e ou chegada à Régua; desclassificação do estatuto da linha do Douro para linha regional; horários cada vez mais incompatíveis com as necessidades dos residentes nas regiões que a linha do Douro serve em particular no troço entre Marco e Pocinho, já não falando da continuidade para Barca de Alva.

Os estudos comprovativos de viabilidade económica são inatacáveis e em clara contradição às promessas políticas do PS. Por isso não podemos permitir nem aceitar o encerramento da estrutura de manutenção da Régua, com evidentes implicações na segurança e manutenção da via e , muito menos, a anulação da eletrificação da linha até à Régua do Ferrovia 2020 para o PNI 2030.

Para que serviu afinal a estrutura de missão para valorizar o interior de Portugal?

Para que serve o ministro do Ambiente enredar-se em considerações sobre a importância na redução do CO2?

Para que servem as falsas promessas de grande investimento na ferrovia que colapsa cada dia que passa?

Para que serviu a recente comemoração em Portalegre do Dia de Portugal e das Comunidades onde a orientação primordial do discurso do Presidente da República foi a necessidade de valorizar, de uma vez por todas, e sem ambiguidades o interior de Portugal.

Para que serve uma CCDRN que assina, por baixo, esta decisão?
Tanta Mentira!

Quem beneficia com esta golpada?

Não é difícil a resposta:
– As PPP ´s das autoestradas e das antigas SCUT´s, o Metro do Porto, sendo oportuno recordar que num passado recente, todas as notícias avulsas que surgiam nos jornais a prometer uma e várias vezes, ontem e anteontem a modernização da linha do Douro com a eletrificação até Régua tinham dois ou três dias depois a notícia do interesse da Câmara Municipal de Porto na necessidade da extensão do metro e dos correspondentes investimentos.

Há, pois, motivos de sobra para a indignação e protesto dos Transmontanos e Alto-duriense e em particular estes últimos que vêm assim quartada a possibilidade de poderem ter um serviço ferroviário público de qualidade que sirva a região.

O Governo PS é inequivocamente o principal responsável por esta decisão que é uma vergonha.

O Bloco de Esquerda apresentou precisamente na cidade da Régua um importante e sério projeto de investimento nacional na ferrovia até 2040 que contemplava inequivocamente a recuperação das linhas do Douro até Barca de Alva e ainda os seus ramais de ligação às cidades capitais do distrito do Interior.

Foi um projeto que exigiu muito tempo de estudo para se revelar um projeto consistente e viável.

Apesar disso ou talvez por isso o Governo PS e administração da REFER e CP, agora IP, com uma lata incrível, borrifaram-se não só para este projeto como essencialmente para as populações Alto-durienses e Transmontanas.

Isto não pode ficar assim!

Houvesse lítio no Pocinho e certamente que este governo daria carta branca para a eletrificação da Via, exaltando então…. a sua preocupação em servir as populações.

Fica cada vez mais claro que o território de Trás os Montes e Alto Douro só será bem gerido e protegido quando se transformar em região administrativa com poderes para decidir. É urgente pois avançar com a regionalização e que fique também claro que os Transmontanos e Alto Durienses, na sua maioria, não subscrevem a criação da Região Norte e são opositores à sua promoção sistemática, pelas forças políticas do Grande Porto com o Presidente da Câmara da Cidade Invicta, na primeira fila.

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Natural de Vila Real e aderente do Bloco de Esquerda

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