E agora, Europa?

A abstenção em Portugal foi a grande vencedora das últimas eleições europeias! Tal resultado, recorrente, é consequência do estado em que se encontra o regime, que é gerido por diversas pessoas que permitem tudo e mais alguma coisa e que sabem que, após todo o mato arder, os contribuintes liquidarão mais um ajuste direto penalizador e mais uma negociata ofusca e trambiqueira e mais um negócio perdido e mais um banco falido e mais uma PPP mal parida!

Os números são duros e reveladores! O PS ganhou com apenas 1.106.345 votos, tendo em conta o universo de pessoas recenseadas: 10.786.049. Apesar de todo este alarido, os portugueses votaram. E eu, também! Votei, porque acredito que – com o tempo – o ambiente vai melhorar; porque continuo a crer na democracia e nos políticos que me representam.

Embora continue a sentir na pele os desvarios (muitos deles tornados lei) dos governantes europeus, das medidas de retaliação económica e financeiras impostas pela Troika e, claro, por todo este absentismo qualificado, continuo a querer uma Europa em paz com todos.

Não obstante o aumento da desigualdade, da crise do euro e da falta de oportunidades (em Viseu, Lisboa ou Paris), continuo a acreditar que a esquerda europeia forçará a organização socialista, que anulará uma certa vontade de fazer renascer o fascismo que é resultado da atitude egoísta do sistema neoliberal e do jogo capitalista de soma negativa, onde os ganhos dos vencedores são inferiores às perdas dos derrotados; onde “o aumento da riqueza ameaça a destruição da sociedade hierarquizada”. Lembro todos os “desistentes”, que a diminuição da participação política (abstenção) tem permitindo que os políticos corruptos reforcem os seus métodos de coação (destruição do Estado e dos Sistemas públicos) e que ganhem espaço para que poucos (os de sempre) continuem a manipular a sociedade; a acumular massa monetária ilimitadamente. É por estas e por outras que Joseph Stiglitz escreve que “o neoliberalismo deve ser morto e enterrado”, visto o setor financeiro (e não o setor comercial) mediar a lei da oferta e da procura e atribuir um preço ao capital. Talvez seja por estas razões que certos grupos parlamentares, outrora captados pela banca e pelos negócios de milhões, estejam interessados em impor a lei da escassez (austeridade) somente quando a banca estoira. Se os Europeus (todos nós) não contrariarem esta tendência, os mesmos de sempre sobrevirão protegidos pelas crises cíclicas anunciadas e pela sociedade de consumo que, estando fortemente financeirizada, optará, sempre, e em grande parte, por não votar…

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Nasceu e cresceu em Viseu, no seio de uma família com fortes raízes na cidade. Vive em Lisboa desde 2007 e desenvolve o seu trabalho como empresário em nome individual. É dirigente associativo desde muito novo, estando ligado à política, ao desporto e à economia.

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