Covid 19, o que teremos de mudar…

Foto de Yuri Samoilov/Flickr
Ninguém estava preparado para uma pandemia como a que todos chamamos de covid 19,  pensamos no início que seria uma doença confinada à China, e que não chegaria cá. Mas no mundo global em que vivemos estava bom de ver que se iria alastrar por outros países e continentes. Neste momento estamos todos expostos ao risco da infeção, uns mais outros menos, mas o risco é real. Os países estão quase parados, só se mantém ativos os serviços médicos, segurança e abastecimento das populações, as restantes atividades ou não laboram, ou laboram de forma condicionada, uma medida profilática para travar as cadeias de contaminação.

A atividade social está limitada, com proibição dos ajuntamentos e eventos com elevado número de pessoas, há também fortes restrições nos laços familiares, visitas a lares, visitas a hospitais e cadeia, funerais, etc… todos estamos em adaptação a estes novos tempos. Este cenário remete-nos para alguns filmes que já todos vimos, filmes de ficção científica, mas não é ficção, é bem real tal com um números crescem de infetados…. 

No entanto alguns dados positivos têm surgido em notícias divulgadas, nomeadamente os efeitos das quarentenas impostas, por exemplo as emissões de gases poluentes na China desceram significativamente, como provam as imagens recolhidas pelo satélite do Sentinela-5P, do programa Copérnico da Comissão Europeia e da Agência Espacial Europeia, o mesmo programa já anunciou uma descida também em Itália, descida atribuída ao estado de emergência, aos tempos de pandemia. Outro bom exemplo da despoluição que os efeitos Covid 19 estão a provocar são os que verificamos nos canais de Veneza, cidade de Itália onde a quarentena imposta à população fez acabar com a quarentena em que os peixes, patos e cisnes viviam, trazendo-os de volta aos canais de, onde já não eram vistos à muito tempo. Também em Nova Iorque houve uma descida de cerca de 50% da emissão de monóxido de carbono, esta descida deve-se ao facto do governador desta cidade ter decretado a quarentena obrigatória e consequentemente uma descida de automóveis a circular. O aumento do consumo desenfreado que assistimos nos primeiros dias de alarme pandémico está aos poucos a dar lugar a um consumo mais moderado, bem sei que este abrandamento é pelas condições impostas e não por uma alteração de consciências. Certamente nos próximos dias iremos todos ouvir e ver mais exemplo destes, onde a pegada que deixamos no planeta estará a ser reduzida por causa dos danos colaterais provocados pelo isolamento social imposto pelo Covid 19. 

Devemos então refletir de forma séria o sinal que hoje nos chega pela pandemia Covid 19, podemos interpretar estes dados como um ajuste de contas que a natureza está a fazer com a nossa espécie, poderemos ler como um sinal um aviso para a necessidade de mudança, ou podemos voltar ao mesmo desvalorizando o que estamos a viver, cada um terá a sua própria interpretação. Para mim é claro, devemos iniciar de forma acelerada uma mudança no estilo de vida, cada um deve mudar por si, pelos seus, por todos. O egoísmo deve dar lugar a uma preocupação com o coletivo, não comprometendo o que deixamos para as gerações vindouras, devemos mudar o modelo económico que hoje assenta num consumismo desenfreado, o ritmo de vida acelerado deve dar lugar a um ritmo de vida mais saudável , temos todos de mudar.

Os nossos hábitos alimentares, que levam a uma produção desenfreada de carne, vegetais e alimentos processados, devem dar lugar a uma alimentação de responsabilidade e respeito pelos recursos naturais, com consumos ponderados e responsáveis, diminuindo a produção em larga escala, retirando do planeta  só o que é estritamente necessário para a nossa sobrevivência. 

O modelo económico existente assente num alto consumo de massas, modelo que deveria dar lugar a um modelo mais ecológico, onde por exemplo se elimine a utilização de plásticos e outros poluentes, voltando aos hábitos de vida dos nossos avós onde tudo se aproveitava até a exaustão, garantindo assim uma menor poluição do planeta, e um maior respeito pelas pelos nossos filhos e netos. 

A nossa mobilidade deve também ser otimizada melhorando o transporte coletivo e deixando de parte o uso individual do automóvel, o uso de eco transportes como são exemplo as bicicletas. Todos os esforços que fizermos para diminuir o nosso rasto poluente será um grande passo para o futuro.

Quanto aos covid 19, devemos todos respeitar as indicações das autoridades e dos profissionais de saúde, sabendo que qualquer um de nós que arrisque poderá estar a colocar em risco os outros, as pessoas que amamos e a nós próprios. Aproveitemos o tempo de isolamento social para fazermos o que temos em atraso e possa ser feito em casa, ler, ouvir musica, ver filmes ou series, mas o mais importante de tudo, aproveitar a família perto.

Neste tempo todo dispense um pouco de tempo para pensar nos comportamentos que pode mudar para ajudar a prolongar a vida do nosso planeta, discuta-os em família e das palavras passe aos atos, com a mudança poderemos acreditar num mundo melhor.

Bem sei que estamos todos preocupados com a pandemia, mas se nada for feito para proteger o planeta, o covid 19 será o menor dos nossos problemas…

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Nasceu em Mirandela em 1976 e viveu em Trás-os-Montes até aos 18 anos, altura em que foi para o Porto estudar piano. Licenciado em produção e tecnologia da música na ESMAE.
Em 2003 entrou na RTP Porto como técnico de som. Esteve com vínculo precário até 2008. A luta por um vínculo laboral justo fez-lhe ganhar interesse pela defesa dos direitos laborais...atualmente está no SINTTAV ( Sindicato nacional dos trabalhadores de telecomunicações e audiovisuais), na qualidade de delegado sindical, e na coordenador da Comissão de Trabalhadores da RTP, entre outras organizações de activismo laboral.
Nunca perdeu a ligação a Trás-os-montes, onde desenvolve como hobby a apicultura e agricultura.

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