A pandemia da covid-19 expôs as dificuldades que há muito o desporto enfrenta, em especial no interior. A prática desportiva deverá fazer parte de um dos principais eixos daquele que é o programa autárquico, pois é um dos pilares para o bem-estar físico e mental da população, seja em que faixa etária for.
As ligações e mobilidade, tal como a desertificação constituem um dos maiores entraves ao desenvolvimento desta região, onde dados sociais e demográficos, revelam uma enorme disparidade entre esta e outras zonas do país. O envelhecimento demográfico implica então que façamos a seguinte pergunta: Que oportunidades há no desporto para os mais velhos? E para os mais novos?
O envelhecimento é um processo extremamente complexo, tendo várias implicações não só para a pessoa, como também para a sociedade que assiste e suporta. É incontestável que o surgimento de algumas patologias seja análogo à redução dos níveis de atividade física no idoso, onde a perda da capacidade funcional e por conseguinte a dependência de terceiros, é uma das consequências. O exercício físico torna-se assim num dos principais meios para prevenir ou atenuar esta problemática.
Por outro lado, nos mais jovens, é parte fundamental no seu desenvolvimento, e naquilo que é a aquisição de valores, dos quais podemos destacar o respeito (reconhecer o erro e saber perder), a amizade (função lúdica, favorecendo a possibilidade de fazer amigos), a justiça (a tolerância e reconhecimento do papel do “adversário”) a entreajuda (objetivos mais facilmente atingíveis com a ajuda dos colegas) e o esforço (com trabalho é mais fácil chegar ao sucesso).
Assim, a saúde apresenta-se constantemente ligada à atividade desportiva, e ao papel da mesma na sociedade, relacionando-se com a adoção de um estilo de vida saudável, ao mesmo tempo que são exibidas outras caraterísticas do desporto nas diferentes gerações, como por exemplo a parte cultural e social. Tanto os mais novos, como os mais velhos, através do mesmo, irão partilhar o mesmo espaço com pessoas de diferentes meios económicos e culturais, permitindo uma luta contra a descriminação, intolerância e exclusão. Se o desporto é conhecido por não deixar ninguém de parte, então devemos reconhecer que o combate à violência no mesmo deverá ser uma prioridade, apostando numa maior fiscalização como também em campanhas de sensibilização, pois o desporto nos mais novos é orientado e modelado através das práticas dos adultos, onde muitas das vezes, os vícios ligados a este, invadem a prática desportiva dos mais jovens, tornando-o em mais um palco de comportamentos incorretos. Para além disto, e tendo em conta aquilo que anteriormente foi citado, o papel da educação física como disciplina no âmbito escolar deve ser reforçado, principalmente através da aquisição de novos equipamentos e materiais, como através do desporto escolar, que também assume um papel de extrema importância nas camadas mais novas.
A situação pandémica afetou o desporto de forma bastante profunda, levando a que muitos dos Fundanenses vissem ser suspensas as suas atividades desportivas, acabando por tornar a nossa população mais sedentária…se isto não bastasse, o isolamento contribuiu para o aparecimento de alguns problemas do foro psicológico, sendo muito mais difícil não nos depararmos com sentimentos de ansiedade e tristeza. Devemos realçar que a tendência é crescente, e por isso, nunca foi tão importante como hoje, investir no programa desportivo do município, e em equipamentos abertos a toda a comunidade destinados a esta prática, de forma atenuar estes efeitos.
Ao logo dos últimos meses pudemos ver algumas modalidades a serem deixadas para trás, sendo notória a diferença de trato entre a federação de futebol e as restantes federações, aquando por exemplo assistimos a diversos campeonatos a não serem concluídos, enquanto o futebol masculino recebia autorização para a sua conclusão. Isto só não permitiu que alguns clubes e associações vivessem dificuldades financeiras, como contribuiu para o desaparecimento de muitas outras. Sendo o Fundão aclamado pelo variado talento desportivo, dos quais podemos realçar o triatlo, será impensável então, que os nossos clubes e associações não recebam o justo reconhecimento e apoio ao longo dos próximos anos.
Pedro Mesquita, tem 22 anos e reside no Fundão.
É estudante de Ciências do Desporto na Faculdade de Desporto da
Universidade do Porto.
Membro da Comissão Coordenadora Distrital de Castelo Branco do BE e
elemento do Conselho Municipal da Juventude do Fundão.