O Conselho de Ministros que decorreu no dia 4 de Março, foi a constatação clara, de que, nem o Governo nem o Presidente da República sabem o que é trabalhar na floresta em Portugal.
Debater os problemas da floresta é debater as condições de trabalho dos Sapadores Florestais, Vigilantes da Natureza e Corpo Nacional de Agentes Florestais, que todos os dias são o rosto da conservação da natureza e florestas no nosso país.
É preciso olhar para estes trabalhadores e perceber que é necessário reestruturar o setor, ajustá-lo às condições atuais e às funções que executam, os riscos que correm diariamente são exemplo do trabalho que executam em prol de uma floresta cada vez mais resiliente aos fogos e a um maior equilíbrio entre as atividades humanas e a conservação da natureza.
É urgente e necessário dotar estes trabalhadores e trabalhadoras de melhores Salários e Carreiras/Estatutos Profissionais dignos e ajustados à sua realidade.
Basta de jogos políticos e de promessas vazias com apenas o propósito de silenciar a luta dos trabalhadores, precisamos que a política esteja ao lado dos trabalhadores e não contra eles. Existem milhões de euros para a floresta e nem um cêntimo para os trabalhadores, que são os mesmos que estarão na linha da frente em ações de prevenção e conservação da natureza e que constantemente são ignorados por políticas falhadas que visam apenas o interesse de monopolistas que vivem dos fundos comunitários em benefício próprio.
Ordenamento, Prevenção, Recuperação, Resiliência, Conservação, Fiscalização, Monitorização são o trabalho diário de Sapadores Florestais, Vigilantes da Natureza e Corpo Nacional de Agentes Florestais.
É tempo de mudar o panorama destes trabalhadores, concretizar os seus direitos, pondo fim a anos de injustiça. A defesa da nossa floresta cabe a cada um de nós e cada um de nós tem um papel fundamental na valorização do trabalho e dos trabalhadores que estão diariamente ligados à conservação da natureza e florestas.
A Conservação da Natureza e Florestas precisa que estes trabalhadores vejam os seus direitos justamente concretizados, não pedimos nada que seja impossível de concretizar, basta vontade do governo e de todos os decisores políticos.
No Comunicado do Conselho de Ministros, falam de quase tudo, mas esquecem-se dos seus ativos principais…Os Trabalhadores.
Por isso, é para nós uma inevitabilidade continuar a lutar por melhores salários e por uma Carreira que dignifique os trabalhadores e os responsáveis pela nossa floresta.
Esse é o nosso compromisso.
Natural da Guarda a residir em Viseu. Sapador Florestal da Comunidade Intermunicipal Viseu Dão Lafões. Coordenador Nacional do Setor da conservação da natureza e florestas do Sindicato Nacional da Proteção Civil, membro do secretariado executivo e do secretariado nacional. Estudante do Curso Técnico Superior de Proteção Civil na Escola Agrária de Viseu. Escreve uma crónica no portal dos bombeiros.pt. Esteve sempre ligado à conservação da natureza e florestas.