Todos os anos, desde 1948, assistimos e ignoramos a repressão do povo palestiniano às mãos do Estado de Israel.
As imagens repetem-se. No Natal, por exemplo, enquanto o Ocidente está distraído com o seu consumismo desenfreado, Israel avança. No Ramadão, Israel avança. E consigo, avançam os abusos e violências contra os palestinianos, avançam os crimes contra a humanidade, avança um “novo” apartheid, ainda mais antigo que o da África do Sul.
No dia 15 de abril de 2021, o Estado de Israel atacou a mesquita de Al-Aqsa em Jerusalém Oriental, a terceira mesquita mais importante para o Islão. Estando os palestinianos a celebrar o Ramadão, a polícia israelita forçou a entrada na mesquita e atacou indiscriminadamente quem lá estava, incluindo mulheres e crianças. A polícia israelita utilizou balas verdadeiras, e não apenas balas de borracha, e partiu os vidros da mesquita para poder disparar de cima. Vidros esses certamente mais antigos que o Estado de Israel!
A reflexão que me proponho a trazer hoje é a do constante branqueamento das agressões israelitas neste conflito. Este conflito foi completamente apagado do espaço mediático. Ainda assim, quando lá consegue chegar, a informação vem invariavelmente distorcida. A Associated Press, a nível internacional, e a RTP, em Portugal, entre demasiados outros exemplos, classificam a agressão ocorrida como meros “confrontos”. Mas que ninguém se engane: em Al-Aqsa não ocorreram confrontos nenhuns, ocorreu sim uma agressão clara e explícita que o mundo ocidental simplesmente prefere ignorar, posição extremamente hipócrita. A comoção do Ocidente face às guerras é seletiva. E como esta situação, milhares de outras, desde 1948, em todo o território, quer seja ocupado por Israel, quer da Palestina.
Despejos forçados em massa, apartheid, milhares de mortos, mas nada disso parece contar. Contra uma pedra, responde-se com um bombardeamento. E lá se vão os direitos humanos.
Pede-se coerência. Condenamos a Rússia, obviamente! Condenemos então Israel!
Apoiamos a Ucrânia, naturalmente! Apoiemos então a Palestina!
Nascido na Suíça em 2003, desde tenra idade vive em Mortágua, Viseu. Jovem do interior, estuda Sociologia na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra. Olha para o Interior como uma região riquíssima e de incríveis potencialidades, mas que tem sido sucessivamente negligenciada.
As preocupações ambientais desde cedo estão presentes na sua vida. Com o advento da Greve Climática Estudantil, rapidamente se juntou às ações de manifestação. Continua e continuará presente nas lutas necessárias e urgentes, como a luta antirracista, antifascista, pelo Interior, ambientalista, feminista, entre outras.