Se o animal, representa as camadas profundas do inconsciente e do instinto, então tudo nos une e voltamos à questão do bem-estar animal, tanto mais que, nesta época de pandemia o animal também sente tudo, não nos enganemos, como ser senciente.
Assim, honremos a história da relação do Homem com o animal seu semelhante, à luz das mútuas necessidades e das condições que temos disponíveis para uma relação melhor do que nunca: que o acompanhemos na alegria e na tristeza, como ele nos acompanha. Basta sermos vigilantes e sensíveis.
Há desde sempre um interesse do Homem pelo animal. Este é considerado atualmente como uma materialização dos seus próprios (do ser humano) complexos específicos e simbólicos. Trata-se de algo muito sensível nos tempos de hoje com a tendência dos animais domésticos. Neste sentido, o antigo Egipto oferece um exemplo ainda mais extremo, dado que o cuidado dos animais os levava à adoração aos animais. Um egípcio, diz Heródoto, deixa queimar os seus móveis, mas expõe a sua vida para salvar um gato das chamas. Daí existirem inúmeras múmias de animais. Logo, cuidar dos sepulcros dos animais era um dever de que os devotos tinham bastante orgulho. Onde está a nossa evolução milhares de anos depois?
Neste contexto pandémico, talvez faça sentido uma reforçada dialética Homem Animal, redescobrindo nesta relação o sabor e o sentido de uma realidade viva. A título de curiosidade, os turcos exigiam de um hábil chefe de exércitos as qualidades de dez animais: a bravura do galo, a castidade da galinha, a coragem do leão, a agressividade do javali, a astúcia da raposa, a perseverança do cão (tão útil para nos animar por estes dias…), a prudência do corvo, o ardor do lobo no combate e deixo uma última para a imaginação do leitor, olhando para o seu animal (ou animais) e unicamente desejando que esta época não lhe(s) deixe marcas irrecuperáveis.
Os animais, que tantas vezes intervêm nos sonhos e nas artes, formam identificações parciais com o Homem; aspetos, imagens da sua natureza complexa; espelhos das suas pulsões profundas, dos seus instintos domesticados ou selvagens. Cada um deles corresponde a uma parte de nós próprios, integrada ou a integrar na unidade harmonizada da pessoa.
Uma causa uniu-nos em seu torno, esta pandemia, algo que desejamos que apresente uma evolução na Humanidade; aproveitemos, assim, esta experiência e cuidemos de tudo o que respira, se mexe e contacta connosco. O bem-estar animal no seio desta pandemia é um investimento na consciência que não deve ser abandonada, como os animais…
Rui Manuel Morais Borges nasceu a 02-12-1965 na cidade de Peso da Régua no distrito de Vila Real. Filho de Alberto Borges e de Maria de Fátima Morais. Casado com Ermelinda Manuela Silva Costa Borges e com uma filha com 23 anos de idade, de seu nome Joana da Costa Borges. Reside na Avenida Doutor Manuel de Arriaga em Peso da Régua. Neste momento trabalha na IP,S.A designada Infraestruturas de Portugal, na categoria de Operador de Circulação e Responsável pela estação da Rede e tem como habilitações o 12º ano de escolaridade.