Quando o sol do amanhã não raiar
Porque privatizaram o sol
Quando amanhã não chover
E a seca for mais dura
Porque esgotaram o mundo
Quando houver medo de andar na rua
E em cada esquina – a insegurança
Porque muitas cores ferem os olhos de quem não vê
Quando uma casa, a saúde, a educação
Forem privilégios
Porque o mundo se foi fazendo para quem pode comprar o mérito
Quando o trabalho for cada vez mais um castigo
Uma escravatura disfarçada de obrigação de uma falsa moral
Quando o trabalho esgotante nos alienar
Quando o resultado desse trabalho pairar cada dia mais longe de quem o produz
Porque assim é.
“Vão mas é trabalhar” [que quando pensam e questionam incomodam]
Quando se apoderarem da semente do cravo
E a deformarem, conspurcarem, mutarem
Num símbolo transgénico
Haverá sempre outras sementes, outras flores
Haverá sempre a rua
Haverá sempre quem não desista
Obrigada pessoas que não desistem!