No outro lado da rua o vento abana o ramo da árvore.
Nesse momento de ver um ramo a oscilar no ar, amo as leis da física visíveis
Na Natureza daquele ser vivo.
Deste lado da rua há movimentos imprevisíveis e desato a escrever sem ver o que escrevo.
Durante este ato cego já não vejo o vento, não vejo as folhas do ramo a dançar.
Mas no momento generoso de parar apalpo o que está do outro lado da rua.
Ficas nua no centro do jardim somente com a flor do Jasmim
Espalhando perfume de Vida.
E no lume ancestral podes entrar no mapa astral, no lado de cá da rua
Com a cabeça na Lua não passo pelo gume da navalha afiada.
Prefiro fazer uma meada com os miolos ao longo da estrada em frente à rua.
Mas paro sempre no outro lado da rua.