O “efeito cascata”

A teoria do “ripple effect” determina que uma pequena acção pode causar um grande impacto. A natureza desta acção pode ser negativa ou positiva e, portanto, o seu impacto é definido pelo causador da dita acção.
Foto de pbombaert (Elements)

Esta teoria é algo em que acredito profundamente. Um acto de gentileza pode influenciar o receptor desse mesmo acto a agir da mesma forma, tornando um mero acto em algo grandioso, repetido infinitamente.

Infelizmente deparo-me cada vez mais com o lado negativo desta teoria, onde um acto de crueldade e de ódio dá azo a cada vez mais violência, cada vez mais ódio. E se há algo que a vida me ensinou é que todos temos influência na vida uns dos outros, quer inconsciente, quer conscientemente.

Aprendi que uma palavra, um gesto ou um sorriso pode ter um impacto profundo na vida de outra pessoa e, portanto, quando me deparo com algo positivo em alguém, conhecido ou desconhecido, eu enfatizo esse “algo”. Pode ser uma qualidade física ou psicológica, um acto ou acção ou até algo tão singelo como uma peça de roupa. O importante é que a pessoa saiba que não é invisível, que tem valor e que importa. Nunca saberemos as batalhas que cada um de nós enfrenta internamente e o poder das palavras pode transformar o dia de alguém, ser a catapulta para um novo começo ou somente um relembrar do seu valor.

Numa sociedade que, cada vez mais, é tão rápida a julgar, a criticar, a mencionar o negativo ou as nossas falhas, em presumir, o lugar do próximo é um dos lugares mais difíceis em nos colocarmos. Mas é tão necessário que o façamos.

Todos temos nas nossas mãos a possibilidade de, através de um pouco de empatia e gentileza, fazer a diferença, ou pelo menos, ser o início dessa diferença.

Como me disse alguém que muito me ensinou, a gentileza importa e é, através dos nossos actos e com as nossas palavras, que podemos começar a mudar esta sociedade cada vez mais fria; pois uma acção poderá tornar-se em duas e duas em três, e no fim, teremos uma onda gigante de solidariedade e empatia.

Eu sei o que é nos sentirmos invisíveis e sem importância e como as palavras nos podem devastar emocional e psicologicamente e não desejo esse sentimento a ninguém. Portanto, faço questão de sorrir para todos, ajudar e elogiar sempre que possa, de agradecer e, também de pedir desculpa, quando tal é necessário, a não julgar e a dar novas oportunidades pois acredito que temos todos o mesmo valor e todos erramos.

Mais do que nunca é importante agir, criar mais e mais “efeitos cascata”, para que, talvez, um dia possamos nos levantar uns aos outros, ao invés de, simplesmente, passarmos por cima de quem está no chão e continuarmos o nosso caminho. E por mais utópico que esta crença possa ser, continuarei a agir, a falar, a ajudar e a sorrir, pois, mesmo que não tenha feito diferença no mundo, posso ter feito a diferença na vida de alguém.

Elisabete Frade/Shenhua
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Nasceu em Évora em 1981 e desde então passou por Arraiolos, Mem-Martins, Coimbra, Lisboa e Viseu.

Tirou um curso profissional de Turismo, um curso de Inglês para Empresas e uma Licenciatura em Relações Internacionais, especializando-se em Estudos Europeus, estagiando na Câmara do Comércio da Itália.

Morou quase uma década na Holanda, trabalhando numa empresa internacional organizadora de conferências para empresas e, mais tarde, na área da tradução para empresas internacionais e privados, tendo ido viver para a Escócia.

Regressou a Portugal e desde então é a cuidadora informal da sua mãe idosa.

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