O impacto do Bloco na minha vida

Em 2002/2003 o Bloco de Esquerda, com o grande Miguel Portas e o Francisco Louçã, ainda se estava a afirmar na história democrática portuguesa. Nessa altura estava na universidade em Lisboa e foi então que assumi a minha orientação sexual. 
Bloco-Esquerda-2023-1
Foto Interior do Avesso.

Fui alvo de muito preconceito e ódio, ofensas e abuso. E ao mesmo tempo, o Bloco defendia o meu direito de existir. Enquanto era condenada por alguns, o Bloco lutava pelos meus direitos. E, enquanto era repudiada por muitos, o bloco acolhia quem eu era e o que representava.

Foi o Bloco que lá esteve a lutar a minha luta e é ao Bloco que devo a minha lealdade. Marcou a minha vida e, desde então, que apoio o Bloco.

Mas não só por isso. O Bloco luta em nome de quem não tem voz, contra os “poderosos” para proteger quem mais precisa. O Bloco representa a igualdade, solidariedade, amor ao próximo, justiça, respeito, fraternidade.

Desde a sua fundação, em 1999, que o Bloco defende os mais fracos, os que desesperam, os descartados, os que ninguém quer ouvir.

O Bloco acolheu-me quando precisava, criou uma sociedade onde tenho a permissão de existir e tenho direitos, indo contra uma maré de preconceito e ódio. E isso é algo que nunca esquecerei.

E, da mesma forma que outros no Bloco lutaram para que eu tivesse direitos, agora sou eu a lutar, no Bloco, por quem vê os seus direitos ameaçados e se sente descartável. Em nome dos considerados invisíveis, indesejáveis e contra quem deseja reverter tudo o que foi alcançado.

É com orgulho que trilho este caminho ao lado de quem partilha os mesmos valores que eu, para que Portugal seja um país melhor, inclusivo e mais justo. E os poucos se tornaram muitos e, dessa forma, continuaremos a lutar por uma sociedade melhor.

Como afirmou Edmund Burke, “para que o mal triunfe basta que os bons fiquem de braços cruzados”.

Obrigado Bloco de Esquerda.

Elisabete Frade/Shenhua
Outros artigos deste autor >

Nasceu em Évora em 1981 e desde então passou por Arraiolos, Mem-Martins, Coimbra, Lisboa e Viseu.

Tirou um curso profissional de Turismo, um curso de Inglês para Empresas e uma Licenciatura em Relações Internacionais, especializando-se em Estudos Europeus, estagiando na Câmara do Comércio da Itália.

Morou quase uma década na Holanda, trabalhando numa empresa internacional organizadora de conferências para empresas e, mais tarde, na área da tradução para empresas internacionais e privados, tendo ido viver para a Escócia.

Regressou a Portugal e desde então é a cuidadora informal da sua mãe idosa.

Related Posts
Ler Mais

Extrema-direita – Ecos do passado

Com toda a situação política actual, tanto em Portugal, como no resto da Europa, talvez seja um bom momento para se reflectir um pouco sobre o passado. 
Skip to content