Liberalismo Económico – Um Nirvana Capitalista

Lavagem de dinheiro
Lavagem de dinheiro

O liberalismo económico tem como base uma tese do século XXI, que tinha como objectivo combater as práticas que não beneficiavam o capitalismo.

Um dos grandes mentores desta teoria económica é Adam Smith. De acordo com o mesmo, há uma mão invisível que regula o mercado automaticamente, sendo os preços dos produtos ditados conforme a necessidade do próprio mercado. Com a rejeição da intervenção do Estado ao mínimo possível, as decisões económicas são a responsabilidade do indivíduo ou empresas, ou seja, do privado.

Coloca ênfase no individualismo, na propriedade privada e nos activos de capital e os defensores desta teoria crêem que o elemento criador de riqueza é o potencial de trabalho, que proporciona um impulso de crescimento e desenvolvimento, ou seja, o crescimento económico tem como base a ganância. É a busca individual do interesse próprio que irá resultar no bem comum, isto numa visão puramente capitalista e que coloca o dinheiro e a sua geração como base de tudo.

Para os liberalismo económico, os mercados sem restrição (ou seja, sem o envolvimento do estado ou tectos máximos dos preços), a livre concorrência, a lei da oferta e procura requerem uma não intervenção do Estado, visto que este seria um impedimento para a actividade económica, o seu dinamismo e equilíbrio. O Estado limita a liberdade individual e inibe o crescimento da economia, sendo a concorrência que define a alocação de recursos.

O liberalismo económico é contra o protecionismo económico do mercado pois cria obstáculos ao livre comércio e à competição no mercado. Esta competição deve ser aberta e justa, sendo que o mercado se regula a si próprio, com base na necessidade do mesmo, criando recursos de forma eficiente, impulsionando a inovação e ajustando-se às alterações das condições económicas de uma forma dinâmica.

A política fiscal deve ser restrita, havendo uma redução dos impostos e uma desregulamentação do mercado, resultando em mais dinamismo, aumento da iniciativa privada (investimento) e na criação de emprego.

Os sindicatos e direitos dos trabalhadores são vistos como um obstáculo à criação de riqueza e da eficiência do mercado de trabalho.

Ora, esta teoria coloca o dinheiro, o lucro no centro, descartando a parte social. É óbvio que a ganância irá falar mais alto, a corrupção seria uma realidade e quem beneficiaria seriam sempre os mais ricos, que, para obterem mais lucro, usariam a redução de impostos em seu benefício próprio.

Esta teoria criativa uma desigualdade económica e social, concentrando a riqueza num pequeno grupo de pessoas, e, como com mais riqueza vem mais influência, esta minoria, para além de reter mais recursos que a maioria, usaria a sua influência para aumentar ainda mais o lucro.

Com a privatização do sistema educacional, os mais ricos teriam acesso a melhor educação, o que significa que as melhores oportunidades de emprego dariam sempre primazia a esta elite, em detrimento de um mercado de trabalho justo.

A classe mais pobre teria menos acesso a serviços básicos, tendo de trabalhar mais horas para um ordenado digno, colocando em risco a sua saúde física e mental.

O impacto ambiental é algo que não é relevante para os defensores desta teoria. O lucro é o mais importante, mesmo que ponha em causa a sustentabilidade ambiental e crie danos ambientais irreversíveis.

Claro que a falta de regulamentação levaria a práticas de risco e especulação, o que resultaria em recessões económicas. Visto que motivação é sempre a obtenção do lucro, seria inevitável que os trabalhadores fossem os mais sacrificados, resultando em exploração, salários inadequados, condições de trabalho precárias e, basicamente, a violação dos direitos dos trabalhadores.

Estes teriam de trabalhar arduamente durante horas excessivas em prol da geração de riqueza que, na realidade, só iria beneficiar alguns, deitando totalmente por terra a própria justiça social e a equidade, resultando, inevitavelmente, num aumento da pobreza e um descontentamento social.

Visto que a riqueza estaria desigualmente distribuída, com uma minoria com mais influência, e devido à falta de regulamentação, o mercado ficaria viciado, dando origem a monopólios (uma empresa domina todo o sector) ou oligopólios (pequeno grupo de empresas controlam a maioria do poder de mercado). E, sem uma regulamentação e controlo de preços, estes aumentariam, pois tal gera mais lucro, tornando o preço incomportável para muitos consumidores.

Haveria especulação de preços, ou seja, para obter o maior lucro possível e também concertação de preços e a eliminação de uma concorrência saudável.

Portanto, o lucro é o importante. Tudo o resto é irrelevante, sejam os direitos dos trabalhadores, o impacto no ambiente, a equidade, questões sociais, éticas. O ser humano visto como um instrumento, substituível e irrelevante, sendo apenas útil para trabalhar e gerar lucro. Como é óbvio, a ganância fala mais alto resultando em desigualdade social e económica, visto que é um jogo viciado em prol dos mais ricos e das grandes empresas.

O liberalismo económico é colocar o leão a tomar conta das gazelas, inevitavelmente irá resultar no sacrifício das gazelas em prol das necessidades do leão. Não vai só contra tudo o que acredito, mas trata o capitalismo como uma religião, sendo o dinheiro e o lucro, o seu Deus.

Os seres humanos não são números e este sistema iria causar um maior desiquilíbrio da balança social, económica e aumentar ainda mais o fosso entre ricos e os outros, beneficiando sempre os ricos, mesmo que estes sejam a minoria.

Elisabete Frade/Shenhua
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Nasceu em Évora em 1981 e desde então passou por Arraiolos, Mem-Martins, Coimbra, Lisboa e Viseu.

Tirou um curso profissional de Turismo, um curso de Inglês para Empresas e uma Licenciatura em Relações Internacionais, especializando-se em Estudos Europeus, estagiando na Câmara do Comércio da Itália.

Morou quase uma década na Holanda, trabalhando numa empresa internacional organizadora de conferências para empresas e, mais tarde, na área da tradução para empresas internacionais e privados, tendo ido viver para a Escócia.

Regressou a Portugal e desde então é a cuidadora informal da sua mãe idosa.

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