Aviso: O conteúdo seguinte pode parecer ofensivo, mas é apenas uma sátira. Espero que não se sintam ofendidos os caríssimos autarcas, o maior respeito e um grande bem haja. Muito se deve a eles a evolução de Portugal.
Se já tentaram passar um camelo pelo buraco duma agulha – já agora parabéns pelo ato – sabem como é difícil. Mas se já tentaram encontrar um autarca sábio em Portugal – lamento que o tenham feito – sabem que é quase impossível. Pelo menos é possível fazer uma agulha digna do guiness com o buraco suficientemente grande para o camelo. Já quanto aos autarcas, podem-se criar mais autarquias (deus nos livre!) do tamanho que forem, mas a dificuldade será igual, a não ser talvez que se importe um chinês para a governar – ainda reclamam do investimento chinês em Portugal… Deviam era exportar-se autarcas, são úteis para tantas coisas.
Veja-se por exemplo, o palácio de Buckingam, de certeza que a rainha deve degladiar-se com o problema das portas enormes embaterem contra a parede quando Harry entra chateado pelos corredores. E isso desgasta uma parede! Ora, se importassem um autarca nosso, ele resolveria o problema. Então, primeiro fazia três requerimentos a fundos europeus, o Brexit não os impediria. Três porque os dois primeiros estariam errados. Depois, abrir-se-ia um concurso público, um concurso ainda mais interessante que o Got Talent e pouco menos que a Casa dos Segredos. Concorreriam algumas empresas e, no fim, escolher-se-ia a que saísse mais dispendiosa e com métodos muito mais modernos. Fariam uma lomba para proteger as paredes, com sorte construíriam-na entre as portas ao invés de entre as portas e a parede. Não ia resultar, mas não haveria problema, aumentavam-se um pouco os custos e arrancavam-se aquelas e punham-se no sítio correto. Isto, claro, se a empresa não entrasse em insolvência entretanto – é… a vida está dificil para todos.
No prazo de 10 anos, aproximadamente, mais ano menos ano, estaria tudo pronto. Caso pretendessem um método mais rápido recorrendo ao nosso político exportado, centrava-se de forma científica (o autarca faz esse estudo, sem problema) e coloca-se o Exmo. Sr. entre a porta e a parede, a cabeça dura seria um ótimo batente e de longa duração se lhe derem uma reforma cedo e agradável.
A seguir ao pastel de nata, o produto mais vendido lá fora seriam os nossos cobiçados autarcas… algo a pensar… uma oportunidade para os novos empresários, ou então é melhor pensarem em fazer agulhas maiores… De nada!
Paulo Rodrigues, Santa Comba Dão, começou a escrever muito cedo.
Participou em várias coletâneas de poesia, prosa ou contos infantis organizadas por vária editoras como a "Orquídea Edições", "Lua de Marfim" e "Modocromia". Escreveu também por diversas vezes em edições "Sui Generis" e a prestigiada "Chiado Books".
Colaborou na organização da fanzine lançada em Santa Comba Dão, "Cabeça Falante", que inaugurou a editora recém-criada "Canhoto Esquerdino R", onde foi Assessor de Comunicação não remunerado.
É criador e administrador do blog "lagrimasdavida.blogspot.pt"