Ativismo, ontem, hoje e amanhã…

Manifestação Anti-racista de Coimbra
Manifestação Anti-racista de Coimbra
Manifestação anti-racista em Coimbra
Ativismo significa defender algo através de uma militância ou ação incessante, com o objetivo de uma mudança social ou política. Os ativistas através de ações diretas privilegiam a defesa e a divulgação pública de ideias.  Nos regimes democráticos, o ativismo envolve-se em questões sociais e políticas, quer através de manifestos, quer organizando e participando em reuniões, conferências de imprensa, confronto com dirigentes políticos, realização de manifestações públicas, tais como marchas, recrutamento de simpatizantes, recolha de assinaturas em apoio a manifestos.

Muitas vezes, os ativistas e as ativistas influenciam a sociedade pelos seus próprios comportamentos, mostrando e defendendo os seus propósitos, enfrentando os poderes instituídos. Tudo isto em prol de objetivos bem definidos, tendo em vista as causas que pretendem defender.

Foram grandes líderes, ativistas mundiais, que ajudaram a mudar o planeta. Martin Luther King (1929-1968), norte americano, que dedicou toda a sua vida ao combate à discriminação racial. Chico Mendes, sindicalista brasileiro, líder seringueiro, ambientalista que lutou até os seus últimos dias pela preservação da Amazônia. Helen Keller, escritora e ativista norte-americana, que apesar de todas as suas limitações físicas (Helen era cega e surda), foi porta-voz da luta pela defesa das mulheres e das pessoas com deficiência. Nelson Mandela (1918-2013), condenado à pena de prisão em 1964, libertado apenas em 1990, tendo sido eleito presidente da África do Sul, foi o grande líder do movimento contra o Apartheid (legislação que segregava os negros no seu país de origem). Greta Thunberg, pequena em idade, mas grande em ideias, esta jovem ativista sueca é conhecida por liderar o movimento de greve das escolas pelo clima. Muito outros poderiam ser referidos, mas ficam estes com exemplos.

Em Portugal, o movimento ativista começou ainda antes da implementação do estado novo, nomeadamente com as lutas liberais.  Durante os quarenta e oito anos de fascismo, teve grandes ativistas, quer em território nacional, quer no exílio. Muitos lutaram até à morte pelas suas causas, mormente a maior de todas, a liberdade! Honremos e recordemos o general sem medo “Humberto Delegado”.

Os desígnios dos movimentos ativistas podem ser cumpridos quer individualmente, quer por largos movimentos coletivos. Recordemos, os operários e operárias da Lisnave, que, em tempos muito difíceis, cobriram de azul, a Praça de Londres em Lisboa, lutando por uma vida melhor.

No interior do nosso pais, vários movimentos de ativistas têm surgido ao longo das décadas. No passado, a luta por melhores condições de vida dos mineiros da Urgeiriça ou atualmente, a denuncia dos problemas ambientais em Dardavaz, são exemplos férteis, de ativismo empenhado por parte das populações. Num mundo ameaçado pelos populismos e radicalismos, que nos cercam e perturbam, temos aqui um leque grande de ativistas jovens, e menos jovens, que lutam pelos seus ideais.

Em Viseu, há 15 anos, no dia 15 de maio, ocorreu a primeira manifestação fora de Lisboa de reivindicação de direitos LGBTI+, designada “STOP Homofobia”. Jovens ativistas tiveram a coragem de mostrar a toda uma população os seus ideais e sentimentos, contrariando uma visão muita conservadora então existente. O grupo de ativistas da plataforma “já marchavas”, promotores de causas ambientais e unidos na defesa de direitos humanos e animais,  vão abraçar, no próximo dia 11,  uma iniciativa que pretende promover a diversidade das culturas baseadas em identidade sexual e de género, promovendo a 3.ª Marcha de Viseu Pelos Direitos LGBTI+, com apoio de vários movimentos sociais e políticos, nomeadamente, o Bloco de Esquerda. Eis, pois, um exemplo atual de que o ativismo está presente aqui e agora.

Terminamos, dizendo que estamos certos que o povo do interior não esquece e não esquecerá nunca as causas que considera justas. Só é derrotado quem desiste de lutar e enquanto houver pessoas que não se resignam, correndo em busca de um mundo melhor, a esperança nunca morrerá. 

Crónica reproduzida na Emissora das Beiras

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Professor, de 52 anos.
É natural de Carregal do Sal, onde reside e trabalha, sendo no momento docente do Agrupamento de Escolas de Carregal do Sal.

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