O Secretário Geral da ONU, engenheiro António Guterres, dizia há uns anos atrás que as pessoas não são números. Esta frase foi diversas vezes repetida por políticos e outros líderes nacionais e mundiais, Nelson Mandela, Barack Obama e o Papa Francisco são alguns exemplos. Por cá, Catarina Martins referiu, que «as pessoas não são números numa tabela de Excel e as pessoas não pagam as contas com um anúncio que é feito sobre um apoio que há de vir», referindo que, no meio de uma pandemia, toda «a burocracia é inútil, humilha as pessoas e deixa as pessoas sem apoio».
Não podia estar mais de acordo!
As pessoas não são números, são de carne e osso, vivem, têm rostos e nomes e desejam um futuro melhor, com mais dignidade e menos sofrimento.
As pessoas não são números, dos mais novos aos mais velhos; deve haver respeito humano, ética e dignidade.
As pessoas não são números, criam laços entre si, vivem em sociedade, sonham e labutam por uma vida melhor.
As pessoas não são números, têm sentimentos e emoções, e objetivos de vida. Não robotizemos as pessoas. Tratemos o João e a Maria pelo nome, com respeito e com afeto.
As pessoas não são números, são reais, são o latoeiro Joaquim que apenas teve uma encomenda durante o mês, o barbeiro Alfredo, que deixou de fazer a barba, podendo apenas cortar cabelos, e apenas o faz duas ou três vezes por dia, o taxista Miguel, que numa semana só teve dois fretes, o António que trabalha à comissão e num dia apenas levou para casa um euro. A Beatriz que perdeu o trabalho, e foi expulsa de casa pelo senhorio. E tantas outras pessoas…
As pessoas não são números, e como alguém disse, as estatísticas não matam a fome a ninguém.
As pessoas não são números, precisam de apoios reais, que ajudem a lutar contra as desigualdades que são vítimas e que esta crise agravou. É preciso o reforço imediato dos apoios sociais. Tem que ser uma prioridade do poder, seja nacional ou local.
Em Cabo Delgado, as pessoas não são números. São homens e mulheres, idosos e idosas, crianças e jovens que procuram um lugar onde possam pelo menos comer e quiçá viver em paz.
Como já se fala tanto de eleições autárquicas, termino com um conselho simples: para um Presidente de uma Câmara, as pessoas não devem ser números, basta que exista uma pessoa pobre, com fome ou desempregada no concelho, para que isso seja para o autarca o maior dos problemas.
Professor, de 52 anos.
É natural de Carregal do Sal, onde reside e trabalha, sendo no momento docente do Agrupamento de Escolas de Carregal do Sal.